PT e PMDB
Lula vai se reunir com Pessuti
O governador Orlando Pessuti, pré-candidato à sucessão estadual pelo PMDB, irá se reunir com o presidente Lula na semana que vem, em Brasília, para discutir o quadro eleitoral do Paraná. O encontro foi articulado pelo chefe de gabinete da Presidência, o londrinense Gilberto Carvalho.
Nos bastidores, são fortes os comentários de que as cúpulas nacionais de PT e PMDB tentarão convencer Pessuti a desistir da candidatura em favor do senador Osmar Dias (PDT). Com isso, o governo federal teria um palanque único no estado para a ex-ministra Dilma Rousseff (PT). "O Pessuti é um grande parceiro do governo [federal]. O presidente não o faria passar por esse constrangimento de tentar dissuadi-lo de ser candidato", afirmou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Defensor da candidatura de Pessuti e único paranaense que faz parte da executiva nacional peemedebista, o deputado federal Rodrigo Rocha Loures disse que ainda acredita na possibilidade de uma aliança entre PT, PDT e PMDB no estado. "Estive com o ministro [das Relações Institucionais, Alexandre] Padilha ontem e ele me garantiu que o PT ainda não esgotou a paciência para negociar esse acordo." (ELG)
O PSDB e o PP do Paraná fecharam ontem um acordo para a disputa das eleições deste ano. Pela decisão, o PP terá direito a uma das duas vagas da chapa ao Senado, que será ocupada pelo presidente estadual do partido, o deputado federal Ricardo Barros. A aliança valerá também para as eleições proporcionais, que elegerão os deputados federais e estaduais. De acordo com a cúpula tucana no Paraná, o acordo faz parte da estratégia eleitoral do partido nos níveis nacional e estadual. A aliança, no entanto, não é unanimidade e recebeu pesadas críticas de uma ala do PSDB que não concorda em ter o apoio do PP, uma vez que o partido compõe a base aliada do governo federal e poderia tomar vagas dos tucanos na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa.
Um dos principais articuladores do acordo com o PP, o presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, afirmou que a aliança "é de interesse do diretório nacional" dos tucanos. "Em São Paulo, foi feito um apelo para fecharmos alianças o mais breve possível com PP, PDT, DEM e PPS", disse o parlamentar, referindo-se ao encontro realizado na última sexta-feira na capital paulista entre ele e os pré-candidatos do PSDB à Presidência da República, José Serra, e ao governo do estado, Beto Richa. "O PP representa uma aliança estratégia para o PSDB, tanto no Paraná como em nível nacional", referendou Richa. Segundo Rossoni, não há mais como adiar a composição de alianças, tanto que o partido espera anunciar novos apoios na próxima segunda-feira a expectativa maior é pela decisão do PDT, que tem como pré-candidato ao Palácio Iguaçu o senador Osmar Dias.
Em pré-campanha ao Senado desde o fim do ano passado, quando se licenciou da Câmara Federal para percorrer os 399 municípios do estado, Barros destacou a inclusão dos programas do PP no plano de governo tucano. "Foram várias conversas e o PSDB aceitou incluir no plano de governo os pontos que levantamos na Caravana Progressista. Agora, vamos buscar atrair outros partidos", afirmou.
Críticas
Apesar de a aliança com o PP ainda ter de ser oficializada na convenção tucana, no dia 11 de junho, alguns membros do partido pretendem discutir o acordo hoje, em Brasília, com o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). O maior crítico da decisão tomada ontem é o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). "Sou radicalmente contra esse acordo, que vai contra nossos interesses políticos e partidários. Conhecemos bem o Ricardo Barros e, para mim, ele não é bem-vindo na coligação", declarou. Hauly destacou que Barros é "homem do [presidente] Lula e da [ex-ministra] Dilma Rousseff", pelo fato de o parlamentar do PP ter sido vice-líder do governo federal na Câmara durante o atual mandato. "Ele está fazendo de tudo para se salvar e nós pagamos a conta. Nessa aliança, o PSDB só tem a perder. O Barros é a âncora de um Titanic."
O discurso de Hauly foi seguido pelos três pré-candidatos tucanos ao Senado: os deputados federais Gustavo Fruet e Alfredo Kaefer e o senador Flávio Arns. "O acordo traz contradição para dentro da coligação. Qual será o discurso do PP: de oposição ou de continuísmo?", criticou Fruet. Tratando a decisão como um "equívoco", Arns alertou que o PSDB pode ter sua bancada federal diminuída por causa do acordo com o PP, além de ter de abrir mão de uma das duas cadeiras que tem hoje no Senado no caso, a que ele próprio ocupa hoje.
Rossoni, por outro lado, tratou as críticas como "normais, um direito democrático" dos companheiros de partido e disse que as alianças só serão definidas na convenção. O parlamentar, porém, admitiu que o PSDB pode abrir mão de lançar candidato ao Senado, diante do atual quadro de apoios políticos. "Temos que reconhecer que, se a nossa frente de partido continuar se aglutinando com as lideranças que estão vindo, pode se tornar difícil [termos candidato ao Senado]", reconheceu.
Já Ricardo Barros argumentou que é impossível o PSDB fechar acordos nos quais só tenha benefícios. Sobre o fato de ser aliado do governo Lula, afirmou que também foi da base do governo tucano de FHC. "Trata-se apenas de um reconhecimento da minha capacidade de articulação no Congresso."
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