A disputa entre PT e PMDB pela presidência do Senado parece ter contaminado a eleição na Câmara Federal. Ontem, o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), advertiu sobre o abalo que a insistência do PMDB em disputar a sucessão do Senado contra o petista Tião Viana (AC) pode causar à candidatura do deputado federal Michel Temer (PMDB).
"O PMDB sabe que se lançar candidato (à presidência do Senado) e, se insistir nesta tese, isso repercute negativamente na candidatura do Michel Temer", afirmou Chinaglia.
O presidente da Câmara fez questão de destacar que, "possivelmente, Temer terá mais votos no PT do que em qualquer outra bancada".
Questionado, Temer disse estar tranquilo com o apoio fechado de nove partidos e a perspectiva de conquistar o PDT, somando 425 votos. De qualquer forma, a advertência destoa do discurso petista do início da semana, em que só se falava em "honrar o compromisso" com o PMDB da Câmara.
A fala de Chinaglia vem na esteira da manifestação do presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), que na véspera divulgara nota oficial em defesa da candidatura de Viana no Senado, cobrando, do PMDB, "contrapartida" do apoio dado na Câmara. No Senado, o atual presidente Garibaldi Alves (RN) é o candidato oficial do partido; nos bastidores, a cúpula do PMDB tenta emplacar o nome de José Sarney (AP).
"Não se trata de pré-condição, mas de bom senso", escreveu Berzoini, reforçando a decisão do senador petista de fincar pé na disputa, independentemente de eventuais apelos do Planalto em contrário.
"Se o presidente Lula pedir, eu não saio", disse Viana ao atual presidente do Congresso, quando propôs o acordo pelo qual o adversário também não abrirá mão da candidatura em favor de Sarney. Foi neste clima que o ex-presidente decidiu deixar para o fim de semana o encontro com o presidente para tratar de sucessão no Congresso.
A despeito da pressa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em obter uma definição de Sarney sobre a candidatura ao Senado, a conversa vem sendo adiada desde segunda-feira. Diante da insistência do Planalto em marcar o encontro, Sarney alegou que estava acamado por causa de um forte resfriado, com muita tosse, e que avisaria quando estivesse melhor.
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