Os ministros das Relações Exteriores do Mercosul assinaram nesta sexta-feira, em Buenos Aires, um acordo que prevê a incorporação da Venezuela como membro pleno do bloco num prazo de quatro anos. O entendimento, informaram os ministros, será selado pelos presidentes na próxima Cúpula do Mercosul, nos dias 20 e 21 de julho, na cidade argentina de Córdoba. A incorporação da Venezuela foi considerada um fato histórico pelos sócios do bloco. Com o novo integrante, as economias do Mercosul passam a representar 75% do PIB da América do Sul.
O ministro Celso Amorim foi um dos mais entusiasmados com o entendimento. Perguntado sobre eventuais complicações que poderiam ser provocadas pela presença da Venezuela no bloco, sobretudo no relacionamento com os Estados Unidos, o ministro foi enfático:
- A vida é assim, você cria complicações depois encontra soluções. A entrada da Venezuela no Mercosul cria uma vértebra sul-americana de integração muito forte. Os ganhos são muito mais importantes do que eventuais dificuldades.
Na visão de Amorim, é necessário repensar o processo de integração continental, sobretudo o projeto de criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), defendido pelo governo do presidente dos EUA, George W. Bush.
- Acho mais importante um acordo do Mercosul com os Estados Unidos do que a tentativa de conciliar posições de países tão diferentes. Temos de repensar isso - afirmou o chanceler brasileiro, que destacou o forte crescimento do comércio entre o Brasil e a Venezuela.
- Nossas exportações para a Venezuela chegarão este ano a quase US$ 3 bilhões, mais do que a nossa exportação para França e Inglaterra. A América Latina e o Caribe representam hoje o maior mercado para as exportações brasileiras. A América do Sul sozinha já é maior do que as exportações para os EUA, num contexto em que nossas vendas para o mercado americano são recorde.
Segundo o ministro brasileiro, o fato de o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, estar aprofundando sua integração com os governos de Cuba e da Bolívia, no projeto de criação da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), não interfere na entrada de seu país ao Mercosul.
- O Mercosul fala do Mercosul. Cada país tem direito de ter seu projeto, desde que não seja contraditório. Minha missão não é administrar Hugo Chávez e sim o Mercosul - argumentou Amorim.
Em meio às negociações para reajustar o preço do gás, a possibilidade de que a Bolívia também assine um acordo de adesão plena ao Mercosul foi considerada positiva pelo ministro.
- A Bolívia seria bem-vinda. Talvez até ajudasse a resolver outros probleminhas (risos) - brincou Amorim, que semana que vem fará uma visita ao Uruguai.
Um dos objetivos do Mercosul nos próximos meses, disse o ministro, é encontrar maneiras de que "as economias menores do bloco se sintam parte do crescimento do Mercosul".
- Vou com uma missão, com autoridades do BNDES e de outros organismos. Temos que demonstrar que somos capazes de lidar com as economias menores da região - disse Amorim, que desmentiu as versões que indicavam que o Uruguai pediria uma autorização para negociar um acordo bilateral com os Estados Unidos.
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