Brasília - Para não transformar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI mista) do MST em palco de guerra, governo e oposição alinhavaram um acordo na Câmara e no Senado para tentar deixar de fora os parlamentares considerados radicais. Após o PT retirar das negociações o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que tem fortes vínculos com o MST, ontem foi a vez de o DEM anunciar que a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e defensora ferrenha dos ruralistas, não será titular da comissão. Ela ficará, porém, com uma das vagas de suplente os titulares serão Demóstenes Torres (GO) e Gilberto Goellner (MT).
Os 36 titulares e 36 suplentes da comissão deverão ser indicados pelos partidos até a semana que vem. A ideia é que o comando da CPI, que será dividido entre o PMDB do Senado e o PT da Câmara, fique nas mãos de políticos de estados onde os conflitos agrários não são muito acirrados.
"A tendência é baixar a temperatura", afirmou a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC). "A ideia é que a CPI funcione sem queda de braço", emendou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), um dos indicados para a CPI. "Não queremos uma briga entre o bem e o mal. Queremos é investigar", disse o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), outro integrante da comissão.
Recusa
Cotado para a presidência da CPMI, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) recusou o cargo sob alegação de que na época em que foi governador, entre 1995 e 1998, teve problemas com o MST. O PT cogita indicar como relator ou presidente da comissão o deputado Luiz Sérgio (RJ), que não tem ligações com o movimento dos sem-terra. Outra hipótese é o PT abrir mão da vaga para o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), considerado um parlamentar de perfil conciliador e aliado fiel do Palácio do Planalto.
O líder do PMDB da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), já avisou que vai indicar ruralistas da bancada para integrar a comissão. Mas alertou: "Essa CPI não pode virar um palanque eleitoral, um instrumento contra o nosso governo".
O PT da Câmara fará reunião na próxima semana, no dia 3, para definir os integrantes da comissão e negociar com o PMDB do Senado. "Não estou preocupado em instalar a CPI, ela não traz nada de positivo", afirmou o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS). A comissão só deverá começar a funcionar para valer na segunda quinzena de novembro.