A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, destacou nesta segunda-feira (8), durante almoço em sua homenagem no Itamaraty, que, mais do que um significado econômico, o acordo assinado entre os bancos centrais dos dois países, para recuperar o peso e o real como moedas de intercâmbio, deixando de lado o dólar, tem um significado cultural importante para a integração regional.
"Essa relação entre Brasil e Argentina, sustentadora do Mercosul e da unidade regional, assegura que a região pode desenvolver independência econômica, tecnológica e fundamentalmente de cabeças, dirigentes que pensem que é possível viver em uma região com identidade e com história própria, e não emprestada por ninguém", afirmou Kirchner.
Durante seu discurso, a presidente pontuou os principais obstáculos que dificultaram, ao longo da história dos dois países, a integração na América do Sul.
O primeiro obstáculo, superado com a democracia, segundo Kirchner, era uma loucura histórica tanto no Brasil quanto na Argentina, que sustentava hipóteses de conflito e ameaças de invasão entre os dois países.
O segundo, disse ela, era colocado pela própria Argentina, que não se sentia parte da América do Sul, mas queria ser parceira econômica somente dos países mais ricos. Para quê ser sócio dos pobres se alguém pode ser sócio dos ricos?, questionavam seguidos governantes argentinos, de acordo com a presidente.
"Essa visão começou a mudar em 2003, com a mudança do modelo econômico no país". Desde então, segundo Cristina Kirchner, o desemprego caiu de quase 25% para 7,8% em meados do primeiro semestre de 2008, e a dívida externa caiu de 150% do Produto Interno Bruto (PIB) argentino, para 50% este ano, com um PIB 60% maior.
"Um terceiro obstáculo, que está sendo superado com os acordos assinados entre os dois países, inclusive os de hoje, é a visão que alguns argentinos têm de que o Brasil quer comprar a Argentina, porque vai e compra empresas [argentinas]".
"Esse não é o meu pensamento, nem como presidente de todo o povo argentino, nem como cidadã, afirmou, destacando que os empresários argentinos que porventura venderam suas empresas para brasileiros não foram obrigados a isso e que, para ela, essa entrada de capitais e novos investimentos é uma outra forma de integração".
A presidente Cristina Kirchner disse que "hoje a Argentina é uma excelente oportunidade de negócios e que o terceiro obstáculo pode ser derrubado com perseverança, inteligência e visão estratégica".
O acordo entre o Banco da Nação, o BNDES [Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social] e o Bice [Banco de Investimento e Comércio Exterior] [sobre financiamento de projetos de desenvolvimento] é um adiantamento importante [no processo de integração], como é o acordo sobre automóveis que assinamos há alguns meses, onde pela primeira vez o Brasil reconhece um flex de convergência, como é importante hoje o compromisso dos dois países para começar o primeiro empreendimento hidrelétrico binacional, completou.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Deixe sua opinião