Com a presença do senador Aécio Neves, o PSDB de Minas Gerais fez festa nesta quinta-feira (20) para lançar a pré-candidatura do partido ao governo do Estado. Mas, em meio ao constrangimento provocado pelo mensalão tucano, abandonou até mesmo as críticas ao mensalão do PT. O ex-deputado Eduardo Azeredo, que está no centro das denúncias do mensalão tucano e renunciou nesta quarta-feira (19) ao seu mandato na Câmara, não compareceu à festa tucana, que lançou o nome do ex-ministro Pimenta da Veiga para a disputa do governo mineiro.
A Procuradoria-Geral da República denunciou Azeredo e mais 13 pessoas sob acusação de desvio de verbas públicas do governo de Minas em 1998, recursos que teriam sido desviados para a fracassada tentativa de reeleger o então governador Azeredo. Ele nega participação nesses desvios.
Dos cinco oradores do dia, nenhum deles tocou no nome de Azeredo, fosse para defendê-lo ou criticá-lo. E nem sequer falaram do mensalão petista, tanto criticado pelo PSDB nos últimos anos.Apenas Aécio, pré-candidato do PSDB ao Planalto, ensaiou uma crítica, mas sem levá-la adiante. Ele disse que, mais do que lançar nomes, aquele ato era para "celebrar a seriedade e da ética na vida pública". O evento foi realizado em um ginásio lotado na zona sul de BH.
As críticas ao PT e ao governo federal ficaram restritas ao campo econômico e social. Após o evento, em entrevista, Aécio foi lacônico ao tratar do mensalão tucano, motivo de até ter abreviado sua entrevista.Primeiro ele repetiu que a renúncia de Azeredo era uma "decisão de foro íntimo que precisa ser respeitada". "Ele é um homem de bem e terá a oportunidade de apresentar a sua defesa. Esperamos todos que ele possa ser absolvido", disse Aécio.
Questionado se o PSDB não defenderia Azeredo diante da suposta renúncia para escapar do julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal), o senador apenas disse, encerrando depois a entrevista: "A nossa história fala por nós".
Pimenta, por sua vez, questionado sobre como tratar o mensalão tucano na campanha eleitoral, disse que o partido não tem "nenhum constrangimento para tratar desse assunto, até porque o que há, por enquanto, são acusações". "Os tribunais vão decidir sobre o assunto. Temos um grande respeito e apreço pelo ex-deputado Eduardo Azeredo e, portanto, não temos nenhuma dificuldade em falar e enfrentar o assunto", afirmou o pré-candidato.
Foi Pimenta da Veiga quem proporcionou que Azeredo disputasse a sua primeira eleição, na condição de vice-prefeito de Belo Horizonte, em 1988, e depois se tornasse prefeito de BH. Azeredo assumiu porque Pimenta deixou a prefeitura apenas um ano e meio depois de empossado para concorrer ao governo mineiro ele perdeu a disputa eleitoral daquele ano, 1990. Pimenta ficou dez anos afastado da política e voltou agora ao cenário político para ser novamente candidato ao governo estadual, escolha pessoal do senador Aécio Neves. Caberá a ele tentar manter o poder nas mãos do PSDB, que há quase 12 anos governa o Estado.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Deixe sua opinião