Ana Maria de Holleben (à dir.): investigada no PT e em CPI| Foto: Luciano Mendes

Perfil

Professora aposentada, vereadora é conhecida por combater violência

Reeleita para seu terceiro mandato consecutivo na Câmara Municipal de Ponta Grossa, a vereadora Ana Maria Branco de Holleben tem 61 anos de idade e é professora aposentada. Em seus dois mandatos, desenvolveu uma série de trabalhos sociais e de lazer com comunidades carentes de Ponta Grossa, especialmente para crianças, idosos e donas de casa. Ana Maria também trabalhou no combate à violência contra a mulher. Ela coordena um grupo de aproximadamente 40 lideranças femininas dos bairros mais afastados de Ponta Grossa que promovem reuniões para conscientizar as mulheres que sofrem violência doméstica dos seus direitos, bem como sobre a necessidade de denunciar esses casos. Ela também foi presidente da Fundação Cultural, na gestão de Péricles na prefeitura, entre 2001 e 2004.

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A vereadora de Ponta Gros­sa Ana Maria Branco de Holleben (PT), acusada de ter forjado o próprio sequestro, deve assinar hoje os pedidos de afastamento da Câmara Municipal e do diretório do PT do município. A informação foi confirmada pelo deputado estadual Péricles de Mello, primo dela e presidente do diretório municipal do PT de Ponta Grossa.

Segundo Péricles, o PT do Paraná, por meio do presidente estadual, Enio Verri, já havia solicitado o afastamento de Ana Maria na sexta-feira, mas a vereadora decidiu se afastar das funções por conta própria.

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Amanhã, a Comissão de Ética do partido em Ponta Grossa vai começar a investigar o caso. A apuração, de acordo com Verri, deve durar cerca de duas semanas. "A comissão do município vai avaliar o procedimento dela e, enquanto isso, ela ficará afastada. Quando eles se manifestarem, emitirem algum parecer para nós, do PT estadual, vamos discutir o futuro dela no partido, juntos. No extremo, ela pode ser expulsa do PT", informou.

Já os vereadores também dizem que há 17 assinaturas colhidas para criar uma CPI para investigar o caso e se houve quebra de decoro parlamentar por parte da vereadora. Ana Maria, segundo a família, pedirá afastamento por motivo de saúde, o que faz com que ela continue recebendo salário da Câmara.

Sumiço

A vereadora ficou desaparecida durante 24 horas, quando seu assessor Idalécio Valverde contou à polícia que ela havia sido sequestrada por quatro pessoas. Na manhã da quinta-feira, porém, Idalécio foi preso junto com o irmão Adalto Valverde da Silva e a esposa Suzicleia. Segundo policiais, eles admitiram que o sequestro seria uma farsa. Por causa do desaparecimento, Ana Maria não compareceu à sessão inaugural da Câmara, na qual ocorreria a eleição para a presidência da Casa.

A vereadora teve a prisão pedida e foi encontrada no Hospital Regional sob efeito de sedativos, de onde saiu para a delegacia, na tarde de quinta-feira. Na sexta, teve a prisão preventiva decretada e foi encaminhada ao quartel do Corpo de Bombeiros.

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Três envolvidos no "sequestro" são soltos

Foram soltos na manhã de ontem os três envolvidos no caso da vereadora de Ponta Grossa que, segundo a Polícia Civil, teria forjado o próprio sequestro. Os três teriam ajudado Ana Maria de Holleben (PT), que continua presa e que ainda não falou sobre o caso, a criar provas para simular o crime. Idalécio Valverde da Silva, motorista de Ana Maria; a esposa dele, Susicléia Valverde da Silva; e Adauto Valverde da Silva, irmão dele, estavam presos desde a última quarta-feira no Minipresídio Hildebrando de Souza. Eles foram liberados porque acabaram os prazos de suas prisões temporárias. "Eles estão livres, mas ficam à disposição da Justiça para esclarecimentos", afirmou o advogado dos três, Luís Carlos Simionato Junior.

O rapaz que teria leva­do Ana Maria até o suposto cativeiro (ainda desconhe­cido), Reginaldo da Silva Nascimento (primo de Ida­lécio e Adauto) continua foragido. Segundo Simionato, o Ministério Público Estadual chegou a pedir a prisão preventiva dos três que foram soltos ontem, mas a Justiça local entendeu que não era o caso. A vereadora Ana Maria foi a única envolvida que teve a prisão temporária convertida em preventiva (sem prazo definido).

Defesa

Os advogados de defesa da vereadora suspeita de ter forjado o próprio sequestro em Ponta Grossa deixaram o caso no último sábado. Os advogados não detalharam os motivos do rompimento com a vereadora, apenas alegaram questões contratuais.

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O caso da vereadora passou das mãos dos advogados Pablo Milanese e Jorge Sebastião Filho para os cuidados de Cláudio Luiz Furtado Corrêa Francisco e Fernando Madureira, sócios num escritório de advocacia da cidade.