O mecânico Francisco das Chagas, de 41 anos, acusado de matar e emascular 42 meninos - 30 no Maranhão e 12 no Pará - está sendo julgado nesta segunda-feira. O julgamento começou pouco antes das 10h, com o sorteio dos jurados. Sete pessoas foram convocadas para fazer parte do júri. Em seguida, o juiz deu início ao interrogatório do réu, que embora tenha confessado todos os crimes, está sendo julgado nesta segunda-feira apenas pelo assassinato de Jonathan Silva Vieira, de 15 anos, em dezembro de 2003.

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- Nunca mais ele vai fazer isso com o filho de ninguém, nunca mais vai tirar um pedaço de uma mãe que não se pode repor depois - desabafou Rita de Cássia Vieira, mãe de Jonathan.

No dia do crime, o menino saiu de casa por volta das 7h com destino à oficina onde o mecânico trabalhava. Jonathan disse à irmã mais velha que iria colher frutas na portaria de Chagas e desapareceu. A ossada da vítima foi encontrada em janeiro de 2004.

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Para o Ministério Público, já existem provas suficientes da autoria do crime. Se condenado, Chagas pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. Mas a pena pode ser reduzida se o juiz chegar à conclusão que o mecânico sofre de perturbações mentais.

Em depoimento a promotores de Justiça, Francisco das Chagas não assumiu a emasculação dos menores - extirpação dos órgãos genitais. Segundo a promotora Geraulides Mendonça, o que ficou claro em todo o trabalho de investigação é que Chagas não escolhia as vítimas.

- Ele escolhia era a oportunidade da execução dos crimes, sempre observando a segurança pessoal e as possibilidades de êxito - declarou.

O mecânico disse, em depoimento, que só conseguia se lembrar que sentia um grande mal-estar no momento dos assassinatos. Ele contou que, quando retomava a consciência, a vítima já estava no chão e o crime consumado. Ele também nunca explicou o motivo dos crimes. Geralmente, os meninos exerciam algum trabalho informal e moravam na periferia.

Ainda não há data para julgamento dos demais crimes. No ano passado, o governo federal fez um acordo com o governo do Maranhão, se comprometendo a indenizar as famílias das vítimas com R$ 500 por mês, durante um período de 15 anos.

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