Acusado pela polícia de executar com sete tiros o prefeito de Santo André, Celso Daniel, o jovem L.S.N., de 19 anos, está foragido da Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem) em São Paulo desde junho de 2005. Desde então, a Polícia Civil, asssistentes sociais e promotores buscam informações sobre o jovem, que ingressou na instituição em 21 de maio de 2002.
Antes de sumir das vistas de juízes de infância, L. cursava uma faculdade de Educação Física e era voluntário no Programa de Escola da Família, do governo estadual.
L. confessou o crime ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e participou da reconstituição do assassinato. Ele teria recebido a ordem do criminoso José Edson da Silva, um dos líderes do seqüestro, ocorrido em 18 de janeiro de 2002. O corpo foi achado dois dias depois.
O sumiço do rapaz é mais um capítulo da trama em torno da morte de Daniel. Enquanto a polícia sustenta a tese de crime de ocasião, o Ministério Público acusa Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, de ter encomendado a execução por motivos políticos.
De acordo com o prontuário de L. na Febem, ele deixou de freqüentar o regime disciplinar semi-aberto sob acusação de homicídio doloso, em 29 de junho de 2005. Na ocasião, o jovem, considerado interno primário grave, fornecera à entidade como endereço a rua Barão de Tuiuti, em Santa Cecília (centro da capital).
A reportagem do DIÁRIO esteve na terça-feira na pensão onde o jovem teria vivido, mas ninguém soube dar informações sobre ele. Antes de receber da Justiça o benefício da semi-liberdade, L. cumpriu o regime de internação na unidade do Tatuapé (zona leste), entre 21 de maio de 2002 e 10 de março de 2005. Como o prazo máximo para a internação é de três anos, L. foi colocado na rua.
O jovem foi visto pela última vez numa casa comunitária na zona leste da capital, para onde foi conduzido após cumprir a medida em regime fechado. L. teria brigado com a mãe, moradora de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, e a agredido, segundo assistentes sociais. Depois disso, deixou de freqüentar o curso de educação física - pago parcialmente pelo estado - numa faculdade de Mogi das Cruzes. Aos domingos, era monitor numa escola estadual. A família de L. ainda receberia ajuda de custo do governo.
L. foi ouvido pelo Ministério Público quando estava na unidade do Tatuapé da Febem. Na ocasião, disse que foi forçado por José Edson a assumir o crime e negou participação.
- Mas ele deu muitas versões diferentes depois. Não acreditamos que ele tenha participado do seqüestro e do assassinato de Celso Daniel - afirmou o promotor Roberto Wider.
A delegada do 78º Distrito Policial (Jardins), Elisabeth Sato, que investiga o crime, informou que não localizou L., que era procurado para depor.
Laudo complementar sobre as circunstâncias da morte do prefeito reforça a tese de que Celso Daniel foi torturado em cativeiro. Elaborado pelo lesgita Paulo Marques, o documento corrobora com o laudo feito pelo perito Carlos Delmonte, morto em 2005. O perito morto disse que a tortura derruba a possibilidade de crime comum.
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