O ex-delegado de polícia de Juína, Ronaldo Osmar, acusado de ter intermediado a contratação de dois pistoleiros para assassinar o missionário jesuíta Vicente Cañas, foi absolvido neste sábado pelo jurados, por seis votos a um. O julgamento começou na terça-feira, no auditório da Justiça Federal de Mato Grosso, em Cuiabá. Com base nas provas, os jurados chegaram à conclusão de que o missionário foi assassinado, mas não se convenceram de que o ex-delegado teve participação no homicídio.
- Não houve, na avaliação do conselho, prova robusta de que houve efetivamente participação do acusado no crime - disse o advogado de defesa Vadir Caldas.
O Ministério Público vai recorrer da decisão na semana que vem junto ao Tribunal Regional Federal em Brasília.
- Faltou explorar melhor as provas que, apesar de indiciárias, mostram que o Vicente foi vítima de um homicídio. Houve um consórcio de fazendeiros, proprietários rurais e grileiros, que se valeram de um agente de Estado para efetuar o delito - argumentou o promotor Mário Lúcio Avelar.
Mais cinco homens foram denunciados pelo MPF por envolvimento no crime. Pedro Chiquetti e Camilo Carlos Obici já morreram. O advogado de Martinez Abadio da Silva pediu a liberação do cliente alegando que entre o crime e a denúncia passaram-se 12 anos, e Martinez completou 70 anos nesse período. Segundo a legislação brasileira, o crime teria prescrevido e ele estaria livre do julgamento. O juiz Jefferson Schneider aceitou o pedido e Martinez não será mais julgado. O fazendeiro Antônio Mascarenhas Junqueira não pode mais ir a júri porque também tem mais de 70 anos e a ação contra ele já prescreveu. O outro denunciado, José Vicente da Silva, será julgado no dia 6 de novembro.
Entenda o caso
O missionário jesuíta Vicentre Cañas foi morto a facadas em abril de 1987, na cidade de Juína, a 737 quilômetros de Cuiabá (MT). O assassinato expôs as tensões fundiárias no oeste do estado, principalmente em relação à luta de Cañas pelas terras dos indígenas da etnia Enawenê-Nawê, um grupo quase isolado do contato com não-índios e que ainda não tinha área demarcada ou homologada. À época, os fazendeiros locais pressionavam contra a medida.
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