Começou às 8h15 desta segunda-feira (14) o julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o "Bida", acusado de ser o mandante do assassinato da missionária americana Dorothy Stang. Ela morreu em fevereiro de 2005, em Anapu (PA). A previsão é que o júri dure dois dias.
"Bida" chegou ao Tribunal de Justiça por volta das 6h30 da manhã com forte escolta policial. Do lado de fora do prédio, centenas de trabalhadores rurais vindos de vários municípios do interior do Pará montavam acampamento. Durante todo o dia, eles vão acompanhar a sessão em uma vigília. "Esperamos reunir mais de mil agricultores para protestar pedindo a condenação de Bida", disse o coordenador do Comitê Dorothy Stang, Lucinei Vieira.
Sorteio e interrogatório
Como é de praxe no início da sessão, o juiz Raimundo Flexa abriu os trabalhos chamando o réu e, em seguida, fez a chamada dos jurados para o sorteio dos sete nomes que vão compor o júri.
"Bida" deve ser a primeira pessoa a ser ouvida em interrogatório. Depois dele, será a vez das 11 testemunhas chamadas pela Promotoria e pela defesa.
Crime
Seis pessoas são acusadas de participação no crime. Quatro foram a julgamento. Rayfran das Neves Sales, o "Fogoió", e Clodoaldo Carlos Batista, o "Eduardo", julgados em dezembro de 2005, foram condenados a 27 anos e 17 anos de reclusão, respectivamente. Eles foram acusados de executarem o crime e responderam por homicídio duplamente qualificado, com promessa de recompensa, motivo torpe e uso de meios que impossibilitaram a defesa da vítima.
Amair Feijoli da Cunha, o "Tato", foi condenado a 27 anos de prisão como intermediário do crime, mas foi beneficiado com a redução de um terço da sentença, devido ao recurso de delação premiada. Crimes no Campo
Segundo o último relatório da CPT (Comissão Pastoral da Terra), 772 pessoas foram assassinadas no campo nos últimos 33 anos no Pará. Desses, apenas três mandantes foram a julgamento, sendo que todos estão em liberdade. "Bida" é o quatro mandante de assassinato no campo a ser julgado.
O outro acusado de ser mandante da morte da missionária, Regivaldo Galvão, o "Taradão", aguarda decisão de recursos para que seja definido seu julgamento. Segurança
Para a realização do julgamento, o Tribunal de Justiça do Pará preparou um esquema de segurança especial. De acordo com a Coordenadoria Militar do Judiciário do Pará, cerca de 25 homens, entre militares e guardas judiciários, estarão a postos para manter a segurança e a ordem durante o julgamento, dentro e fora do prédio.