Um dos depoimentos mais esperados pela polícia no caso que apura o envolvimento de celebridades e jogadores de futebol com traficantes de drogas foi adiado para esta terça-feira, às 14h. O advogado Marcelo Santoro de Carvalho prestaria depoimento nesta segunda-feira na Polinter. No entanto, o advogado de Santoro, Ari Bergher, alegou que tem uma audiência numa vara federal e por isso não poderia acompanhar seu cliente na Polinter.
Irmão de Mônica Santoro, ex-mulher do jogador Romário, Marcelo Santoro é apontado pela polícia como o principal responsável pela aproximação entre atletas, entre outras pessoas famosas, e o chefe do tráfico de drogas na Rocinha, Erismar Rodrigues Moreira, Bem-Te-Vi.
Ele aparece nas escutas telefônicas feitas pela Polinter, com autorização da Justiça, intermediando uma conversa do goleiro Júlio César, da Inter de Milão, com o bandido. Além de ter posto o goleiro para falar por telefone com o traficante, ele aparece em outras gravações. Numa delas, chama Bem-Te-Vi para que ele fale com outros jogadores.
Entre os próximos depoimentos previstos na investigação estão os do jogador Ronaldo, atacante do Real Madrid e da seleção brasileira, e o cantor Gabriel O Pensador. O dois foram citados em conversas entre Tiago Tauil, de 23 anos, e Amon Lemos, de 19, irmão da apresentadora Lívia Lemos, ex-namorada de Ronaldo, que fazem parte de uma quadrilha que vendia ecstasy pelo Orkut. O diálogo foi gravado por policiais do Serviço de Repressão a Entorpecentes (SRE) em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Amon e Tiago falaram os nomes de Ronaldo e O Pensador ao comentar sobre uma festa na qual houve consumo de drogas. Os dois prestarão depoimento como testemunha.
De acordo com o delegado Luiz Marcelo Fontoura Xavier, titular do SRE de Niterói, Ronaldo será chamado para prestar esclarecimentos à polícia assim que desembarcar no Brasil, no próximo dia 30, quando se apresentará para o jogo da seleção contra o Chile. Gabriel O Pensador será convocado na próxima semana.
- As declarações foram feitas pelos dois jovens. Não há qualquer indício de tráfico contra Ronaldo e Gabriel - explicou Xavier.
No fim de semana, o assessor de imprensa do jogador, Paulo Julio Clement, disse que, se for necessário, Ronaldo estrá à disposição da policia. Segundo Clement, Ronaldo, que está em Madri, ficou chateado com a situação e ainda não foi informado oficialmente sobre o depoimento.
- Ele não tem nada a temer e é de interesse dele mostrar que não tem qualquer envolvimento com essas pessoas - disse o assessor de imprensa.
Na última terça-feira, Ronaldo declarou não ter envolvimento algum com as denúncias envolvendo o nome dele.
- As pessoas usam o nosso nome para ter algum benefício próprio ou para dar dimensão maior a um assunto que não diz respeito a gente - declarou o jogador.
Gabriel considera exagerada a atitude da polícia.
- Vou ser chamado porque fui citado por dois garotos que vendiam ecstasy. Um cara falando que tinha acabado de me conhecer, outro falando que me conhecia e que eu gostava muito. As pessoas realmente acham que eu gosto de maconha. Por acaso eu não gosto. Não fumo e não bebo, mas não tenho nada contra quem fuma e quem bebe - declarou.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”