A advogada Beatriz Catta Pretta, que negociou os principais acordos de delação premiada na Operação Lava Jato, está se desligando de todas as ações relacionadas à causa.
Criminalistas que atuam na defesa de réus que foram clientes da advogada confirmaram que ela decidiu se desligar de todos os casos que conduzia para se mudar de país. Um dos locais apontados seria Miami (EUA), onde ela tem um escritório desde o ano passado.
Na segunda-feira (20), ela apresentou à Justiça Federal petição informando seu desligamento da defesa do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco.
Catta Preta também se desligou da defesa de clientes que não estão sendo investigados pela Operação Lava Jato, como o empresário Lúcio Funaro.
“Ela enviou um e-mail pedindo que eu indicasse outro profissional no prazo de dez dias para substituí-la nos processos em que era minha procuradora”, afirma Funaro, que era cliente da advogada há quase dez anos. A mensagem foi enviada na segunda-feira, de acordo com o empresário.
Há duas semanas, a CPI da Petrobras aprovou a convocação de Catta Preta para dar explicações sobre como seus clientes estão custeando suas respectivas defesas.
Nos bastidores, a manobra foi citada como uma retaliação ao fato de ela ter obtido no Supremo Tribunal Federal o cancelamento das acareações da CPI com Barusco.
Dois dias depois, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviou um ofício à CPI da Petrobras para tentar reverter a convocação.
Além de Barusco, a advogada foi responsável por representar o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o lobista Julio Camargo e o executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça Neto.
Júlio Camargo
Na sexta-feira (17), Julio Camargo oficializou como seu novo defensor o advogado Antônio Figueiredo Basto, que também é responsável pela defesa do doleiro Alberto Youssef, também delator na Lava Jato.
A mudança ocorreu depois da audiência em que disse ao juiz Sergio Moro ter pago R$ 5 milhões em propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“Julio nos procurou depois da audiência e acertamos. Não vou comentar a saída da doutora Beatriz Catta Preta. Foi escolha dele”, afirmou Figueiredo Basto na ocasião.
Procurada pela reportagem, Beatriz Catta Preta não foi localizada.