O deputado José Dirceu (PT-SP) avisou aos aliados que não deixará qualquer pergunta ou dúvida sobre sua conduta sem resposta durante seu depoimento no Conselho de Ética da Câmara, marcado para as 15h desta terça-feira, no que está sendo chamado de Dia D para o ex-ministro. O advogado José Luiz Oliveira Lima, que foi até a casa do deputado nesta manhã, disse que Dirceu está tranqüilo e que falar a verdade será sua estratégia para o depoimento.
- Ele vai dizer a verdade. Vai responder de maneira incisiva as perguntas dos deputados - afirmou.
José Luiz destacou que Dirceu conhece bem o parlamento e que está acostumado a participar do debate democrático, por isso não se intimidará com a presença de Roberto Jefferson no plenário do Conselho.
- Não será o fato de Roberto Jefferson estar na primeira fila no Conselho de Ética que irá intimidá-lo - disse.
Na noite desta segunda-feira, segundo amigos, no entanto, Dirceu já analisava a possibilidade de renunciar ao mandato antes do depoimento. Abalado pelas denúncias que envolvem sua ex-mulher Maria Ângela em negócios com o empresário Marcos Valério, Dirceu teria consultado até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite desta segunda-feira sobre a conveniência de entregar o mandato.
Segundo o blog do colunista Jorge Bastos Moreno no Globo Online, o deputado passou a admitir desde a tarde desta segunda-feira a possibilidade de renunciar para não perder o direito de se manter elegível no ano que vem. Até domingo Dirceu não admitia a hipótese de ser cassado. Mas depois que foi procurado pela ex-mulher, que lhe revelou toda a transação comercial e o apadrinhamento de Marcos Valério para conseguir emprego, sentiu que não tem mais chance de se defender das acusações. Ele repetiu o argumento da nota em que dizia estar sendo vítima de um linchamento político jamais visto na História do país para reconhecer que não tem outra saída, a não ser a renúncia.
Segundo assessores e amigos, uma vez convencido da decisão, Dirceu renunciaria antes do depoimento de hoje. Assim, se livraria de uma exposição inútil e desgastante para ele, para a sua família e para o próprio governo.
Antes de cogitar a renúncia, uma das preocupações de Dirceu era desfazer, no depoimento, a imagem de que ele mandava no PT, mesmo depois que foi para o governo, quando não mais era integrante de sua Executiva.
O ex-ministro também pretendia dar uma nova embalagem a sua participação no governo, alegando que muitas vezes não dava conta de sua tarefas na Casa Civil. Uma tentativa de negar que tenha todos os poderes que lhe foram atribuídos ao longo dos mais de dois anos que esteve à frente da Casa Civil.
Nos últimos dias, Dirceu tem sido monossilábico ao telefone e recusado, gentilmente, quando petistas se prontificam para debater com ele sua defesa no Conselho de Ética. Para se preparar, está se reunindo com um pequeno grupo de assessores e com o advogado José Luiz Oliveira Lima.
Caso opte pelo depoimento, Dirceu não pretende, por exemplo, polemizar com o presidente licenciado do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ). Mas adiantou que está preparado para ser agressivo caso este tente intimidá-lo.
Fora deste grupo que o está ajudando a preparar sua intervenção no Conselho de Ética, Dirceu conversou com o ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner. Este foi até Dirceu dizer que o governo não o considerava uma peça descartável e que não o estava abandonando.
O deputado Gustavo Fruet disse que só há duas saídas para o ex-ministro hoje.
- Ou ele mata ou ele morre. Ou vai para o ataque com todas as armas, ou limita-se a responder às perguntas de forma burocrática. O Zé Dirceu é uma pessoa fria. Frieza talhada na clandestinidade.
Às vésperas do esperado confronto com Dirceu, Roberto Jefferson passou o dia ontem cantando. Antes, durante parte da semana passada e no fim de semana, ele esteve recolhido em Petrópolis preparando sua atuação de hoje.
Nas cantorias de ontem, para relaxar, Roberto Jefferson não estava acompanhada de uma pianista. Entre as músicas que cantou estão algumas de autoria do compositor mineiro Milton Nascimento e seu parceiro Fernando Brant.
STF e governistas intensificam ataques para desgastar Tarcísio como rival de Lula em 2026
Governo e estatais patrocinam evento que ataca agronegócio como “modelo da morte”
Pacote fiscal pífio leva Copom a adotar o torniquete monetário
Por que o grupo de advogados de esquerda Prerrogativas fez festa para adular Janja
Deixe sua opinião