A defesa do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, disse que o executivo não tem a intenção de fazer uma delação premiada e contestou a revista Veja desta semana que traz em matéria de capa a informação de que ele teria firmado tal acordo para contar o que sabe sobre a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo da Petrobras. “A reportagem é mentirosa e irresponsável”, disse Edward Carvalho, um dos advogados de defesa de Pinheiro.
Mais cedo, a defesa de Pinheiro já havia soltado uma nota reforçando que o executivo não tinha a intenção de fechar o acordo de delação premiada, em troca da redução de pena. “Sobre a reportagem da Veja deste final de semana, José Adelmário Pinheiro e seus defensores têm a dizer, respeitosamente, que ela não corresponde à verdade. Não há nenhuma conversa com o MPF sobre delação premiada, tampouco intenção nesse sentido.”
Carvalho afirmou ainda que “não há nenhuma chance” de Léo Pinheiro estar negociando com uma outra banca de advogados para poder aderir ao mecanismo de delação.
Léo Pinheiro é réu na Lava Jato, acusado de atuar no núcleo empresarial do esquema que cartelizava licitações de obras da estatal e pagava propina para diretores da petrolífera indicados por partidos da base do governo - PMDB, PP e o PT. Ele já esteve preso por seis meses, no âmbito desta operação, em uma cela em Curitiba.
Em maio, Pinheiro preferiu permanecer em silêncio em interrogatório no primeiro processo criminal da Operação Lava Jato, em que foi acusado por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa, no esquema que vigorou na Petrobras entre 2004 e 2014. “Por orientações dos meus advogados prefiro ficar em silêncio”, disse Léo Pinheiro diante do juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos desta operação.
Preso preventivamente no dia 14 de novembro de 2014, Pinheiro ficou quase seis meses encarcerado e conquistou o direito no Supremo Tribunal Federal (STF) de cumprir prisão em casa, embora monitorado com tornozeleira eletrônica.
Reportagem
Na reportagem publicada pela Veja, Pinheiro contaria o sabe sobre a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo da Petrobras e teria autorizado seus advogados a negociarem um acordo de delação premiada. Amigo de Lula, Pinheiro estaria com medo de voltar à cadeia, depois de passar seis meses preso em Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga esquema de lavagem e desvio de dinheiro da estatal petrolífera.
De acordo com a revista, Pinheiro teria prometido fornecer provas de que Lula patrocinou o esquema de corrupção na estatal, como afirmou o doleiro Alberto Youssef em depoimento no ano passado, se comprometeu a fornecer aos procuradores a lista de despesas da família de Lula bancadas pela OAS e disse ter conhecimento de como Lulinha, Fábio Luis da Silva, fez fortuna, com atuação na órbita de influência da construtora. “Depois que o Léo falar, não tem como não prender o Lula. Ou se prende Lula, ou se desmoraliza a Lava Jato”, diz a revista, citando um interlocutor do executivo. De acordo com a reportagem, a OAS foi a empreiteira que socorreu Lula quando a ex-chefe do escritório da Presidência da República Rose Noronha, demitida após ter sido apontada pela Polícia Federal por tráfico de influência no governo, ameaçou delatar seu beneficiário caso não fosse ajudada financeiramente. E foi o executivo também quem cunhou para o ex-presidente petista o codinome de “Brahma”.
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