O advogado do deputado Luiz Argôlo (SDD-BA), Aluísio Régis, deixou a defesa do parlamentar no processo a que responde no Conselho de Ética da Câmara na tarde desta quarta-feira (3). Argôlo ainda não nomeou outra pessoa para defendê-lo. De acordo com Régis, a decisão foi tomada depois que a contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, revelou uma gravação de áudio em que o advogado aparece dizendo que os deputados sabem que "Argôlo não é santo" e que "sabem que ele tinha envolvimento com Youssef".
O advogado alega que preferiu deixar o caso para não prejudicar o seu cliente. "O que Argôlo e eu fizemos foi forçar ela a colocar para fora a gravação. Ela só resolveu mostrar o áudio depois que nós mesmos revelamos que houve essa conversa. Nosso objetivo era que ela mostrasse quem ela era. Agora eu resolvi sair para não dar combustível ao fogo que ela está tentando colocar no caso", afirmou Régis à reportagem.
Poza procurou a imprensa na manhã desta quarta para se defender das acusações de que teria extorquido o deputado, ao pedir R$ 250 mil a ele em um jantar que teve com Régis em São Paulo em 17 de julho. A revelação foi feita por Argôlo nesta terça-feira (2) em depoimento ao Conselho de Ética, onde enfrenta um processo por quebra de decoro parlamentar devido ao seu envolvimento com o doleiro.
Sobre o teor da conversa, Régis afirmou que suas frases eram "blefes" para tentar arrancar informações da contadora. "Eu estava conversando com uma criminosa e não com a 'madre Teresa de Calcutá'", disse. "Ela queria armar para cima do meu cliente. O tanto que ela blefou eu blefei também. Agora forçamos ela a mostrar quem ela é de verdade", completou.
Segundo a contadora, ela procurou o deputado para tratar da empresa Grande Moinho Cearense, sediada em Fortaleza, e que teria sido usada para lavar dinheiro para Argôlo. "Youssef me enviou um recado dizendo que esse caso eu deveria resolver com o deputado Luiz Argôlo. Eu tentei falar sim com o deputado. Quem me retornou foi o Aluísio, e quando eu falei que queria resolver este caso ele me disse que poderia ser resolvido sim", afirmou Poza.
A contadora disse que gravou cerca de 4 horas de conversa durante o jantar em São Paulo mas só repassou para a imprensa um trecho de 1 minuto e 57 segundos. Ela afirmou que entregará o restante à Justiça mas disse não ter feito isso até hoje porque achava que a gravação "não era importante".
A assessoria de imprensa de Argôlo confirmou a desistência do advogado e disse que Argôlo aceitou a decisão a "contra-gosto". A assessoria disse ainda que o deputado não conhece o teor da gravação e não irá se manifestar sobre o assunto.O relator do processo contra ele, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), encerrou a fase de instrução nesta terça e por isso não poderá ouvir nenhuma testemunha e nem aceitar novas provas. Por isso, a gravação mostrada hoje não poderá ser usada no processo.O relator tem até o dia 12 de setembro para concluir seu relatório. Se considerar que Argôlo feriu a ética parlamentar, poderá indicar punições que vão desde uma advertência até a cassação do mandato. O parecer tem que ser votado pelo colegiado e pelo plenário da Câmara.
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