Após quase duas horas de audiência para as alegações finais do processo que apura uma suposta tentativa de suborno a um delegado da Operação Satiagraha pelo banqueiro Daniel Dantas, investigado na operação por crimes financeiros, nesta quarta-feira (19), o advogado de defesa Nélio Machado pediu um novo interrogatório do delegado Protógenes Queiroz, que conduziu as investigações, e o depoimento do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, que está afastado.

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Os advogados de Dantas pediram também que seja anexada ao processo a gravação de uma reunião da Polícia Federal com delegados e os autos da investigação a respeito de um suposto vazamento da deflagração da Operação Satiagraha.

O processo sobre o suposto vazamento tramita na 7a. Vara da Justiça Federal de São Paulo. Na semana passada, com autorização judicial, a PF fez buscas e apreendeu documentos na casa do delegado Protógenes Queiroz. Com os novos pedidos da defesa, a conclusão do processo, que terminaria com as alegações finais dos réus nesta quarta, foi protelado.

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O juiz Fausto Martin De Sanctis agora deverá analisar os pedidos da defesa de Dantas e decidir se os acatará ou não. Se os pedidos forem aceitos, serão abertos novos prazos para um novo depoimento das testemunhas e para que a gravação seja anexada.

Caso os pedidos sejam negados, as alegações finais terão sido concluídas e o magistrado terá dez dias para dar a sentença.

"Comprometedora"

O advogado de Dantas, Nélio Machado, disse que a gravação da reunião da Polícia Federal é "altamente comprometedora".

Machado se disse esperançoso com o fato de que o juiz não tenha negado de imediato seus pedidos. "Hoje eu saio com um mínimo de esperança, no sentido de que possa ocorrer um julgamento justo. O juiz, em vez de agir de forma precipitada, pediu tempo [para analisar o requerimento]", declarou.

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Para o procurador da República Rodrigo De Grandis, representante do Ministério Público Federal no caso, não há necessidade de a gravação ser anexada ao processo. "A acusação é de corrupção ativa. Não existe nenhuma menção a funcionário da Abin", disse.

Alegações finais

A audiência desta quarta-feira durou quase duas horas. Daniel Dantas deixou o prédio da Justiça Federal sem falar com a imprensa. O professor universitário Hugo Chicaroni, outro réu do processo, disse aos jornalistas apenas que delegado Protógenes Queiroz foi seu amigo pro oito anos.

Nesta quarta, os advogados dos réus entregaram as alegações finais. A defesa de Daniel Dantas preparou um documento de 300 páginas em que argumenta que o banqueiro é inocente. Há ainda 100 páginas de documentos anexados, segundo a defesa do banqueiro.

O advogado Nélio Machado afirmou que as alegações finais são "uma radiografia da perseguição". "Meu cliente é uma espécie de troféu de caça", declarou. Na noite desta terça-feira (18), Dantas teve negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) um pedido de liminar para que não tivesse que comparecer à audiência.

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Réus

Durante o processo, a defesa de Chicaroni afirmou à imprensa que não houve oferecimento de propina por parte dele, e sim um pedido de suborno feito pelo delegado.

Os advogados de Humberto Braz também chegaram a afirmar que houve "uma provocação" e que o ex-presidente da Brasil Telecom foi alvo de uma "cilada".

Já a defesa de Dantas questionou a legalidade das provas e entrou com pedidos para que o juiz fosse afastado do caso. Na segunda-feira (17), o Tribunal Regional Federal, instância superior à Justiça Federal de 1ª instância, decidiu que De Sanctis deve permanecer à frente do processo.

O processo teve início em julho. Os réus puderam ser ouvidos pela Justiça ao menos três vezes durante o processo. Também prestaram depoimento testemunhas de defesa e da acusação.

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Pelo MPF, foram indicados como testemunhas o delegado Victor Hugo Rodrigues Alves, alvo do suposto suborno, o delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha, e o escrivão da PF Amadeu Ranieri.

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