O advogado Luiz Francisco Barbosa (ao centro), defensor de Roberto Jefferson, no plenário do STF: Lula só não está entre os réus porque o procurador Roberto Gurgel foi “omisso”| Foto: Carlos Humberto/STF

Paranaense

Emerson Palmieri foi citado para envolver Jefferson, diz defesa

O advogado Itapuã Prestes Messias sustentou que o ex-primeiro-secretário do PTB, Emerson Palmieri, foi envolvido indevidamente entre os 38 réus do mensalão para atingir o presidente do partido, Roberto Jefferson. "Era preciso descredibilizar (sic) Emerson Palmieri para cortar uma das pernas de sustentação de Roberto Jefferson", disse Messias. Ele negou que o cliente fosse "tesoureiro" do partido na época do mensalão e que apenas exercia funções partidárias internas, nenhuma delas ligada à negociação de recursos de campanha.

Messias subiu à tribuna logo depois do advogado de Jefferson, Luiz Francisco Corrêa Barbosa. Assim como o colega, atacou a qualidade da peça de acusação feita pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, descrita como "irresponsável" e "midiática".

Palmieri é acusado dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele teria recebido, junto com Jefferson, R$ 4 milhões de Marcos Valério. A defesa garante que a transferência do recurso fazia parte de um acordo lícito entre PT e PTB.

Palmieri era ligado politicamente ao também paranaense e ex-presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez, morto em um acidente aéreo em 2003. Uma das testemunhas de defesa apresentadas por Palmieri em etapa anterior do julgamento foi Alex Canziani, único deputado federal eleito pelo PTB nas duas últimas legislaturas. Palmieri ainda mora em Curitiba.

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Advogado de Borba desqualifica denúncia

A defesa do ex-deputado federal paranaense José Borba desqualificou ontem o uso dos depoimentos do publicitário Marcos Valério e da ex-diretora financeira da agência SMP&B Simone Vasconcelos para tentar incriminá-lo. Segundo o advogado Inocêncio Mártires Coelho, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não apresentou qualquer prova material contra Borba, apenas se baseou em declarações dos dois. De acordo com a denúncia, ele teria recebido pelo menos R$ 200 mil para votar a favor de projetos de interesse do governo Lula na Câmara – em especial, as reformas tributária e previdenciária.

"Tudo leva a crer tratar-se de uma acusação sustentada por uma inverossímil história, na qual uma outra ré [Simone] disse que teria entregue R$ 200 mil a ele, sem recibo e sem anotação. (...) Não há registro, não há anotação, não há o nome, não há a prova material", sustentou o advogado.

Ele também atacou a falta de "credibilidade" de Valério. "Quem é Marcos Valério? Trata-se de um personagem cuja própria denúncia informou declarações viciadas".

Na denúncia, contudo, Gurgel descreve que "ficou comprovado" que Borba recebeu pelo menos R$ 200 mil do "valerioduto". O procurador descreveu com detalhes como ocorreu a entrega do recurso. "O recebimento do dinheiro aconteceu na agência do Banco Rural no Brasília Shopping, por intermédio de Simone Vasconcelos", sustenta Gurgel. Ao todo, segundo depoimento de Valério à Justiça, Borba teria recebido R$ 2 milhões. Na época, o então deputado era líder do PMDB. Hoje ele é prefeito de Jandaia do Sul, no Norte do Paraná, pelo PP.

Palmieri: acusado de lavagem de dinheiro e corrupção
Borba é acusado de receber R$ 200 mil do

Em um dos momentos mais tensos das oito primeiras sessões do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa do ex-deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, disse ontem que o ex-presidente Lula "ordenou" a realização do suposto esquema. Nas palavras do advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que defende Jefferson, Lula "não só sabia como desencadeou tudo" e não está entre os réus devido à "omissão" do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

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Veja como foram os bastidores do julgamento

"Aqueles ministros [José Dirceu, Luiz Gushiken e Anderson Adauto, também réus] eram apenas executivos dele [Lula]", disse Barbosa. Ele também usou como argumento a fama de político inteligente de Lula. "O presidente não é só ‘safo’ [esperto]. Ele é doutor honoris causa em universidades internacionais. Mas é um pateta? Tudo isso aconteceu sobre suas barbas e nada."

Barbosa disse que, durante o segundo mandato do presidente, chegou a encaminhar à Casa Civil (na época comandada pela atual presidente Dilma Rousseff) um pedido de informações para saber quais foram as medidas tomadas por Lula sobre o mensalão. "Na prática, não havia sido feito nada."

A tese de que o ex-presidente sabia de tudo contradiz declarações anteriores do próprio Jefferson. Quando o escândalo estourou, em 2005, o ex-deputado disse que havia alertado pessoalmente o ex-presidente sobre o mensalão, mas que Lula era inocente. Para Barbosa, contudo, não há contradição. "Ele [Jefferson] tem de falar aquilo que viu, enquanto eu tenho de iluminar ao caso." A "iluminação" do advogado, no entanto, teve o mesmo foco da maioria dos demais advogados de defesa: Gurgel.

"Se esse julgamento quer a prova, digam ao povo que a culpa é do procurador-geral da República, que não cumpriu o seu trabalho." Barbosa acusou Gurgel de "sentar na denúncia" contra Lula e de ter sido "omisso" – o que vai levar a um "festival de absolvições".

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Ao falar sobre a suposta participação de Jefferson no mensalão, Barbosa afirmou que os recursos que chegaram ao ex-deputado pelo "valerioduto" faziam parte de uma negociação legal feita entre as direções nacionais de PT e PTB para saldar dívidas da campanha municipal de 2004. "Não era possível vincular-se o que aconteceu um ano antes, na eleição, com votação do projeto que trata da Previdência."

A reforma da Previdência citada pelo advogado seria, segundo a denúncia, uma das propostas cujo apoio parlamentar teria sido pago pelo mensalão. O advogado expôs que não faria sentido que o partido recebesse propina pelo apoio porque é "historicamente" ligado à causa. O ex-deputado é acusado no processo de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Ao todo, ele teria negociado o repasse de pelo menos R$ 4 milhões do PT para o PTB.

Lula não quis comentar a acusação da defesa Jefferson.

Outros deputados

A defesa do ex-deputado Bispo Rodrigues confirmou ontem que seu cliente recebeu R$ 150 mil do valerioduto, mas negou que era pagamento da compra de votos. Seu advogado, Bruno Braga, argumentou que a verba teria sido usada para pagar as despesas eleitorais do antigo PL, hoje PR. A defesa do ex-deputado federal Romeu Queiroz afirmou que a quantia de R$ 120 mil recebido pelo parlamentar do mensalão "tinha aparência de origem sadia".

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O procurador e Jô Soares

O advogado Itapuã Prestes Messias, que defende o ex-primeiro-secretário do PTB Emerson Palmieri, provocou ontem um dos momentos mais constrangedoras do julgamento do mensalão até agora. Ao final da defesa oral de Palmieri, Messias citou a semelhança física entre o procurador-geral da República, Roberto Gurgel (esq.), e o apresentador de televisão Jô Soares (dir.). Apesar da semelhança, Gurgel não gosta da comparação.

Bastidores do julgamento

O jornalista e colunista André Gonçalves, do blog Conexão Brasília e correspondente da Gazeta do Povo, acompanhou diretamente de Brasília os bastidores da sessão, em uma cobertura com análise exclusiva. Veja como foi.

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