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Depois de entregar a defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao corregedor Romeu Tuma (DEM-SP), o advogado Eduardo Ferrão disse nesta quarta-feira que os documentos comprovam o que Renan disse em pronunciamento na segunda-feira. Ferrão afirmou que entregou documentos complementares aos divulgados por Renan, entre eles extratos bancários que comprovariam os saques de dinheiro feitos nas contas do senador nos períodos correspondentes aos pagamentos mensais feitos à jornalista Mônica Veloso.

Eduardo Ferrão classificou esses pagamentos feitos antes do reconhecimento da paternidade da filha que teve com Mônica, oficializado em dezembro de 2005, como "ajuda".

- Estou passando ao senador Tuma extratos bancários que comprovam que os recursos saíram das contas bancárias do senador - afirmou Eduardo Ferrão.

Segundo o advogado, as transferências bancárias só ocorreram depois da oficialização de sua relação com a jornalista. Eduardo Ferrão afirmou que não poderia mostrar os extratos porque fazem parte do sigilo bancário de Renan. Ele disse ainda que Renan comprova que todos os pagamentos feitos a Mônica Veloso foram feitos com recursos próprios. Ele admitiu, porém, que não tem nenhum recibo da jornalista antes do reconhecimento da paternidade.

Ao chegar ao Senado nesta quarta, Renan disse que seus advogados vão também falar com a imprensa. O senador esteve reunido com eles pela manhã e afirmou que não há necessidade de apresentar uma nova defesa ao Senado. Renan afirmou ainda que está se mantendo tranqüilo diante das denúncias que aparecem contra ele.

- Eu sempre estive absolutamente tranqüilo. A verdade está do nosso lado. O que precisar de provas, nós vamos mostrar. O que é importante é demonstrar a verdade - declarou ele, que já admitiu não ter como provar as transferências feitas à jornalista Mônica Veloso até a comprovação da paternidade, ocorrida em dezembro de 2005, porque até então não era uma relação oficial.

Conselho de Ética é empossado, mas não analisa caso Renan

A ex-senadora Heloísa Helena, durante reunião com parlamentares do PSOL, no Congresso (Foto: Ailton de Freitas )

Embora a presidente nacional do PSOL, a ex-senadora Heloisa Helena (AL), tenha ido a Brasília especialmente para protocolar uma representação contra Renan no Conselho de Ética - e vários senadores admitam que a defesa apresentada por ele tem falhas graves - governistas convenceram setores da oposição que o mais prudente, no momento, é aguardar a investigação iniciada pelo corregedor da Casa, senador Romeu Tuma (DEM-SP).

O acordo passou pela eleição do novo presidente do Conselho. O bloco governista, integrado por PT, PSB, PCdoB, PTB, PP e PR, indicou o senador Sibá Machado (PT-AP), eleito nesta quarta-feira. Diante da representação do PSOL contra Renan, chegou-se à conclusão de que a eleição de um peemedebista reforçaria as especulações sobre uma manobra governista para preservar o presidente do Senado. Depois da sessão, Sibá disse que vai procurar Romeu Tuma para analisar os documentos que serão entregues pela defesa de Renan e estudar o regimento para saber que atitude tomar diante da representação do PSOL.

Nem todos os senadores concordam com o adiamento da abertura do processo contra Renan. O líder do PDT e titular do Conselho de Ética, senador Jefferson Péres (AM), por exemplo, chegou a sugerir que Renan tirasse uma licença da presidência do Senado, para não constranger os colegas investigarão as denúncias contra ele, seja na Corregedoria ou no Conselho.

- O presidente já está sob investigação, o melhor seria ele se licenciar. Aliás, essa deveria ser uma praxe nesta Casa - propôs Peres.

Renan descartou a hipótese de se afastar:

- Não há nenhuma acusação contra mim.

Ao protocolar a representação contra seu conterrâneo, Heloisa também defendeu o afastamento de Renan da presidência:

- Acho que, em caso de parlamentar investigado por crimes contra a administração pública, tráfico de influência, intermediação de interesse privado, exploração de prestígio, recebimento de vantagens indevidas, é natural e salutar para o procedimento investigatório que saia de uma posição de comando político da Casa para garantir a investigação.

A denúncia apresentada pelo PSOL propõe a apuração também das denúncias publicadas pelo "Globo" de que o presidente do Senado teria usado laranjas para ocultar patrimônio no município alagoano de Murici. O partido propôs ainda que seja apurado o envolvimento de Renan com o esquema de fraudes de licitações públicas desvendado pela Operação Navalha, a partir de uma conversa grampeada que Renan teve com o ex-superintendente da Caixa Econômica Federal Flávio Pin, um dos presos na investigação. Heloisa disse que o melhor para apurar esse escândalo seria a instalação da CPI da Navalha.

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