O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, afirmou nesta segunda-feira (2) que vai pedir uma acareação entre seu cliente e o empresário Leonardo Meirelles. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Meirelles afirmou que o doleiro ocultou patrimônio e sociedades no acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF). "Ele [Meirelles] é inimigo do meu cliente", disse Basto. "Ele está mentindo e nós vamos desmascará-lo mais uma vez", afirmou.
Leonardo Meirelles foi sócio de Youssef e responde a três ações penais na Justiça Federal de Curitiba por envolvimento no esquema desvendado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Ele será ouvido pela Justiça hoje, como testemunha de acusação na ação penal contra executivos da Engevix.
Serão ouvidos nesta terça-feira (3) a ex-gerente Venina Velosa Fonseca, a contadora de Youssef Meire Poza, e os delatores Júlio Camargo e Augusto Mendonça, da Toyo Setal.
Contradição nos depoimentos
Nesta segunda-feira foram ouvidos na Justiça Federal de Curitiba as primeiras testemunhas de acusação das ações penais da sétima fase da Operação Lava Jato. As primeiras oitivas foram marcadas pela contradição dos delatores Júlio Camargo e Augusto Mendonça, da Toyo Setal, de acordo com advogados.
De acordo com o advogado Alberto Toron, que defende o presidente do grupo UTC Ricardo Pessoa, o delator Augusto Mendonça negou que o executivo fosse o líder do cartel. "O Augusto, que havia dito que ele [Ricardo Pessoa] era líder do tal clube, categoricamente desmentiu isso", disse o advogado. "Disse que todas as empresas que integravam o denominado clube tinham ampla autonomia", completou.
A defesa de Dalton dos Santos Avancini e João Ricardo Auler, executivos da Camargo Corrêa, também apontou controversas nos depoimentos de ontem em relação às delações premiadas. "Os colaboradores surpreendentemente não confirmaram os termos da denúncia da forma como foi posta", disse Celso Vilardi. "A questão do cartel não se confirmou, no meu modo de ver", disse o advogado.
Segundo o advogado do vice presidente da Camargo Corrêa Eduardo Leite, Antônio Mariz de Oliveira, todas as testemunhas ouvidas ontem confirmaram que houve pagamento de propina para agentes públicos. O advogado, porém, disse que as testemunhas negaram envolvimento de Leite no pagamento de propina. "Era uma representação de um funcionário de terceiro escalão que não tinha autonomia para agir. Ele agia sempre de acordo com ordens de superiores", disse Oliveira.
O advogado de Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, por outro lado, afirmou que não houve contradição nos depoimentos. "Acho que a colaboração deles guardou nexo com o que eles disseram na primeira fase".
Nesta segunda-feira (2) foram ouvidos o delegado da Polícia Federal (PF) Marcio Anselmo e os executivos da Toyo Setal Júlio Camargo e Augusto Mendonça, que firmaram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF). A ação penal é referente ao envolvimento das empresas Camargo Corrêa e UTC no esquema.
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