PT cobrava "pedágio" em contratos do Banco do Brasil, diz Valério

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza afirmou no depoimento prestado em 24 de setembro à Procuradoria-Geral da República que dirigentes do Banco do Brasil estipularam, a partir de 2003, uma espécie de "pedágio" às agências de publicidade que prestavam serviços para a instituição financeira pública: 2% de todos os contratos eram enviados para o caixa do PT, acusou o homem apontado como o operador do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal

Leia matéria completa

CARREGANDO :)
Veja também
  • Ex-diretor do Banco do Brasil nega cobrança em contrato
  • Denúncias de Valério não devem ajudar a reduzir pena
  • PT avisa que não vai permitir convocação de Valério para depoimento

Condenado a 40 anos, 4 meses e 6 dias de prisão como operador do mensalão, e chamado por alguns de "jogador", o operador do mensalão, Marcos Valério, agora manda um recado: vai avaliar se prestará novos depoimentos, porque se considera "absolutamente convencido de que é inútil colaborar com a Justiça".

Publicidade

Pelo criminalista Marcelo Leonardo, seu advogado de defesa, ele se declarou "absolutamente surpreso com o vazamento" de seu relato à Procuradoria-Geral da República, quando informou que dinheiro do esquema serviu também para bancar despesas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Nesse momento, prestar quaisquer outros depoimentos ele ainda vai avaliar, se não é o caso de ficar em silêncio já que colaborar com a Justiça está se revelando inútil", afirmou Leonardo, veterano criminalista estabelecido em Belo Horizonte.

"Ele não tem nenhuma disposição de colaborar com a Justiça porque entende que é inútil", reitera o advogado. "Na Ação Penal 470 (mensalão) colaborou com as investigações desde o início, foi ele quem fez referência a empréstimos, quem forneceu uma lista com os nomes de todas as pessoas beneficiárias do esquema, esclareceu datas, valores e formas de recebimento e, apesar disso, apesar de ter colaborado tão intensamente, foi quem recebeu a maior condenação."

Leonardo afirma que seu cliente não teve nenhuma vantagem por ter contribuído com a Justiça no processo do mensalão. "Nada ele obteve, nenhum benefício de redução da pena. Daí sua avaliação de que é inútil continuar colaborando com a Justiça. Não tem nenhuma disposição de prestar quaisquer outras declarações a quem quer que seja."

"Se for chamado por autoridade que tenha poder de convocar ele comparecerá, como tem comparecido a todos os lugares onde foi formalmente intimado ao longo dos últimos 7 anos", disse o advogado. "Ainda recentemente (Valério) já prestou outras declarações a diferentes autoridades."

Publicidade

Sobre o relato de seu cliente em 24 de setembro, no qual Valério disse que o PT pagou despesas do processo, sem mencionar pagamento de honorários, Leonardo afirmou. "Continuo preocupado em cumprir meu dever profissional de respeitar o sigilo, mas esclareço que em nenhum dos inúmeros depoimentos que eu acompanhei Marcos Valério jamais declarou que o PT tenha pago honorários da defesa."