O advogado Pedro José Sperandio Cano Galhardo, que impetrou hábeas-corpus em favor de Suzane von Richthofen, afirmou que pretende apenas que ela passe por uma perícia médica. Galhardo desconfia que Suzane sofra de oligofrenia, um tipo de retardo mental, que a deixaria sugestionável.
- Não defendo a absolvição. Ela só deve ser considerada inimputável (incapaz de responder por seus atos) se a perícia disser que ela é doente - afirma Galhardo, para quem a jovem tem vários indícios da doença, como as atitudes infantis.
O advogado afirma que teve clientes oligofrênicos e que teme que Suzane seja condenada sem ter passado por um julgamento justo, em que se considere a hipótese de ela ser doente. Galhardo, que é advogado há 19 anos e atua em Pirituba, na zona norte de São Paulo, não foi contratado por Suzane. Ele diz que a jovem está bem representada e apenas usou o direito dado a qualquer cidadão de entrar com um hábeas-corpus para tentar evitar uma injustiça.
- Imagine se ela é condenada e daqui cinco anos se descobre a doença? - questiona ele.
De acordo com o advogado de Suzane, Mauro Nacif, sua cliente é "normal e equilibrada".
- Ou ele é maluco ou fez isso para aparecer - afirmou Nacif, sobre a decisão de Galhardo, acrescentando que esse hábeas-corpus não deve atrapalhar o andamento do processo.
- O desembargador nem vai dar andamento. Se der, vai pedir para que ele apresente a procuração de Suzane (que Galhardo não tem por não ser advogado constituído por ela) -afirma.
De acordo com Alberto Toron, assistente de acusação, é comum que, em processos de grande apelo público, advogados ou outras pessoas tomem atitudes como as de Galhardo.
- Eles tentam se intrometer no processo, podendo até prejudicar o andamento da Justiça - diz Toron, para quem o hábeas-corpus também não deve ser analisado.
O hábeas-corpus foi impetrado por Galhardo nesta terça-feira no Tribunal de Justiça de São Paulo. Ele alega inimputabilidade da jovem por deficiência mental. Segundo ele, se for doente, Suzane não poderia ser condenada pelo crime. A peça deve ser avaliada nesta quarta-feira pelo desembargador Damião Cogan. Suzane e os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos são réus confessos do assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen, em outubro de 2002.
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