Às vésperas da análise do processo do mensalão, os advogados de réus do escândalo político se reuniram para trocar impressões sobre o julgamento do Supremo Tribunal Federal e discutir alternativas para garantir a atuação da defesa no episódio. O encontro foi promovido em maio, no escritório do advogado criminalista Márcio Thomaz Bastos, e teve a participação de pelo menos seis advogados, entre eles José Luiz de Oliveira Lima e José Carlos Dias.
Na reunião, foi avaliada a possibilidade da Suprema Corte sofrer pressões externas durante o julgamento do escândalo político e ficou acertada a entrega de petição ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Carlos Ayres Britto, para assegurar que não seja violado o Código de Processo Penal durante o julgamento do mensalão.
No documento, que foi enviado à Suprema Corte, os advogados ressaltaram a necessidade de dar mostras de que o "Supremo Tribunal Federal não se curva a pressões" e se mostraram preocupados com a "inaudita onda de pressões deflagradas contra a mais alta corte brasileira".
As defesas dos réus do mensalão pediram que as sessões do julgamento sejam realizadas em, no máximo, dois dias por semana e pregaram que cada sessão tenha apenas três sustentações orais dos advogados de defesa. Márcio Thomaz Bastos, que esteve à frente do Ministério da Justiça entre 2003-2007, é advogado de defesa do ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado.
"O encontro foi uma maneira de registrar, em nome da defesa, que o julgamento garantisse a nossa atuação de maneira ampla, que não se atropelasse o regimento interno do Supremo Tribunal Federal. Foi apenas nesse sentido que a defesa registrou uma posição. Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias levaram essas colocações ao ministro Carlos Ayres Britto", relatou o advogado criminalista José Luiz de Oliveira Lima, advogado do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu.
O cronograma do julgamento, aprovado pelo Supremo Tribunal Federal, estabeleceu que, até 14 de agosto, haverá sessões diárias de cinco horas e, a partir de 15 de agosto, serão promovidas sessões três vezes por semana. O advogado criminalista José Carlos Dias, que defende a ex-diretora do Banco Rural Kátia Rabelo, afirmou que o encontro teve como objetivo trocar impressões sobre o julgamento e negou que as defesa discutam uma estratégia em comum. "Nós trocamos ideias sobre o caso, isso faz tempo, para saber qual a perspectiva, isso é comum acontecer. Isso foi apenas em uma única oportunidade. Nós assinamos uma petição em conjunto", afirmou.
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