O presidente do PSDB e provável candidato à Presidência em 2014, Aécio Neves, afirmou nesta sexta-feria (29) que o PT "é useiro e vezeiro de documentos para acusar adversários quando chega campanha". O tucano fez referência às suspeitas de falsificação em documentos enviados pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, à Polícia Federal (PF) nas investigações do cartel no Metrô e na CPTM em São Paulo.
Aécio lembrou os casos dos "aloprados", referência ao escândalo de uso de dossiês por petistas na campanha de 2006 para atingir a candidatura de José Serra (PSDB) ao governo paulista e da quebra de sigilo de Serra durante a campanha eleitoral de 2010. "Lamento a posição do ministro. Não pode permitir que as instituições do Estado estejam a serviço de projeto político. É preocupante a falsificação e vazamento seletivo que colocam nomes de pessoas que tem trajetória política no PSDB", afirmou Aécio ao chegar para uma palestra no Sindicato da Construção Civil, em São Paulo.
"O ministro (Cardozo) está um pouco nervoso com essa questão. Ele não precisa esperar convite para ir ao Congresso se explicar e seria muito mais fácil porque um documento que diz que entregou à PF, dois delegados disseram que eram essa falsificação".
Na quinta, o senador Álvaro Dias já havia dito que houve uma "fraude e uma falsificação visíveis" nos documentos que fazem parte da investigação da Polícia Federal sobre o metrô paulista. Segundo Dias, a missão do ministro deveria ser tentar desmontar a fábrica de dossiês e permitir que a PF faça as apurações não apenas do metrô em São Paulo, mas em Salvador e Porto Alegre.
Cade
Aécio afirmou ainda que o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Carvalho, que também investiga as suspeitas de cartel em São Paulo, "descumpriu preceitos republicanos ao omitir relação com PT", numa referência ao fato de Carvalho ter sido chefe de gabinete do deputado estadual petista Simão Pedro, atualmente secretário de Serviços na cidade de São Paulo. "O presidente do Cade é um presidente sob suspensão por omissão do currículo", disse. "Temos de estar absolutamente atentos com qualquer manipulação".
Software pirata
O senador tucano classificou o PT como um "software pirata" do PSDB por adotar medidas e programas iniciados no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Esse aprendizado do PT no governo tem prejudicado o Brasil. Temos um software pirata em execução no Brasil, precisamos voltar ao software original e o PT só acerta quando copia a agenda do PSDB", disse Aécio, que participou de palestra no Sindicato da Construção - Secovi, em São Paulo (SP).
Aécio disse que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando assumiu o governo, acertou ao manter os pilares do tripé macroeconômico intocáveis. Ele voltou a defender o discurso do PSDB de que o Bolsa Família é uma unificação do Bolsa Alimentação e do Bolsa Escola criados no governo tucano. "A partir da metade do segundo mandato o presidente abandonou o Fome Zero e no momento que ele se apropria dos programas de transferência de renda, apesar de ter dito que era uma esmola no segundo turno das eleições e 2002, ele acerta", disse. "Foi correta a unificação da Bolsa Alimentação e Bolsa Escola. Acertou e ampliou um programa do PSDB", completou.
Apesar de elogiar o Bolsa Família, Aécio afirmou que o PT "faz administração diária da pobreza" com o programa. "Precisamos de programas efetivos para o fim da pobreza. O pai não pode deixar de herança para o filho um cartão do Bolsa Família". O senador admitiu que o PSDB "foi covarde em não abordar o Bolsa Família" em campanhas. "O Bolsa Família para nós não é o ponto de chegada mas o ponto de partida".
Aécio seguiu com as críticas ao PT e afirmou que o governo da presidente Dilma Rousseff adota a agenda de privatizações do governo do PSDB. "Depois de demonizarem por dez anos as privatizações, tratando o setor privado como inimigo, açodadamente, afobadamente se curvam a essa realidade", disse. "Quando o PT segue o receituário do PT, erra. O que tem feito, fazem sem convicção. É melhor que o software pirata dê lugar ao original", repetiu.
Indagado se já adotava um discurso de candidato à sucessão de Dilma, Aécio voltou a desconversar, disse que estava no evento como presidente do PSDB. "Na primeira quinzena de dezembro vai apresentar uma nova agenda, até porque a que está em execução ainda é a do PSDB. Na hora certa teremos um candidato e posso garantir que, até para desalento do nosso adversário, que o PSDB vai estar unido", concluiu.
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