O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, defendeu nesta segunda-feira (21) que o Ministério Público de Minas Gerais e demais órgãos investiguem a construção do aeroporto de Cláudio, a 150 km de Belo Horizonte, numa propriedade do tio do senador desapropriada pelo governo do Estado. A obra foi executada pelo governo de Minas Gerais quando o tucano comandou o Estado, de 2003 a 2010.
"Essa é uma ótima oportunidade, até porque vocês que acompanham nosso trabalho já sabem que todas as milhares de obras públicas que foram realizadas em Minas Gerais foram feitas com absoluta transparência, absoluta lisura, sempre levando em conta o interesse público. Nessa não foi diferente", disse o presidenciável, durante visita ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté (MG).
Aécio afirmou que todos os órgãos que tenham "dúvidas" em relação a sua gestão devem fazer investigações "no limite de suas prerrogativas" e ressaltou que a construção do aeroporto, concluída em 2010, não havia sido contestada até o momento. "Acho muito bom que se investigue, porque o maior aliado que nós temos é a verdade, a transparência. O homem público tem que estar pronto para dar qualquer esclarecimento sobre qualquer questionamento", declarou.
A Folha de S.Paulo revelou neste domingo (20) que, no final do segundo mandato de Aécio como governador de Minas, o Estado construiu um aeroporto em terreno de um tio de Aécio desapropriado pelo governo do Estado.
A área foi desapropriada antes da execução da obra, mas o tio de Aécio contesta na Justiça o valor proposto pelo governo para a indenização, que ainda não foi paga. Com a desapropriação, o Estado obteve a posse do terreno, mas ele só poderá ser registrado em nome do governo após o pagamento.
A propriedade ainda está registrada no nome de Múcio Guimarães Tolentino, 88, tio-avô do candidato tucano e ex-prefeito da cidade. O Estado gastou quase R$ 14 milhões na obra. Como o aeroporto ainda não foi homologado para funcionamento e o tio de Aécio ainda contesta na Justiça o valor da indenização pela área, o terminal vive na prática um limbo entre público e privado. A família de Múcio Tolentino guarda as chaves do portão do aeroporto.
O senador defendeu a importância da instalação para o município de Cláudio e sugeriu que fossem ouvidas as "mais de 300 indústrias de fundição" da cidade que poderiam se beneficiar do aeroporto.Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que pretende investigar a utilização do espaço, não há autorização legal para movimentação aérea no local porque o uso da pista ainda não foi liberado perlo órgão de fiscalização. O Ministério Público de Minas também informou que irá apurar eventuais irregularidades.
Aécio atribuiu a divulgação do caso à eleição presidencial. "É lamentável que, num processo eleitoral, surjam denúncias feitas por pessoas sem qualquer compromisso com a verdade, com os fatos, com os documentos. Sei que nós vamos enfrentar incompreensões. O que está em jogo, aquilo que eu represento hoje, é uma mudança estrutural no país. Eu sei o que significa para os nossos adversários a nossa eleição", concluiu.
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