O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta segunda-feira que o presidente Lula não pode se “descolar” da presidente Dilma Rousseff. O tucano argumentou que Lula não pode fugir à sua responsabilidade pela situação atual ao usar como estratégia os ataques à sua sucessora. Aécio disse que Dilma é “criatura” de Lula e que é um “acinte” o governo continuar adotando as chamadas pedaladas fiscais depois do parecer prévio do Tribunal de Contas da União (TCU). Para ele, o governo Dilma está “sitiado”.

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Cunha sobre o governo: ‘um processo de desgaste que talvez tenha chegado ao fundo do poço’

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse na noite desta segunda-feira - ao comentar a última pesquisa Datafolha sobre a popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT) e as afirmações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que a administração Dilma chegou ao “volume morto” - que o governo talvez tenha chegado ao fundo do poço, de onde não tem mais como cair.

“A gente está vivendo um processo de desgaste que talvez tenha chegado ao fundo do poço. O governo está implantando medidas que não foram debatidas na campanha eleitoral. Consequentemente, houve um desgaste que foi amplificado pela deterioração da atividade econômica”, disse Cunha, ao chegar para um debate sobre políticas públicas com investidores, na Zona Oeste da capital paulista.

Segundo Eduardo Cunha, o governo tem condições de se reerguer e, para isso, “precisa recuperar a economia, ter ações positivas que o mostram atuando”.

Para o presidente da Câmara, o desgaste do governo não é do PMDB. “O fato d’a gente ser aliado não significa que temos um projeto eleitoral conjunto pra frente. Nós também somos aliados de outros partidos. Mas não quer dizer que todo o desgaste do governo também seja nosso. A responsabilidade de governar é do PT, e não nossa”.

Sobre a prisão do empreiteiro Marcelo Odebrecht pela operação Lava Jato, na última sexta-feira, Cunha preferiu não fazer comentários. “São operações, decisões judiciais que se cumprem ou se contestam. Não cabe a nós fazermos comentários sobre isso”.

Na entrada para o encontro com investidores, Cunha confirmou que o projeto que acaba com a desoneração da folha de salários deve ser votado na Câmara na quarta ou na quinta-feira.

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O TCU deu prazo de 30 dias para a presidente dar explicações sobre as contas públicas de 2014. Para Aécio, o TCU deve rejeitar as contas de Dilma, afirmando que caberá ao Ministério Público da União decidir se abre uma ação contra a presidente. Ele lembrou que o PSDB já ingressou com uma ação a esse respeito, mas evitou falar em impeachment.

“Acho que o presidente Lula, mais do que ataques à atual presidente, sua criatura, tem que reassumir sua parcela de responsabilidade pelo que vem acontecendo no Brasil. E não há como descolar uma coisa da outra: o governo é o PT, o governo é Dilma, o governo é Lula. Foi assim nos momentos positivos e será assim nesse momento de grandes dificuldades. Lamentavelmente, essa obra é uma obra conjunta do ex-presidente Lula, da presidente Dilma, e, obviamente, do PT”, disse Aécio.

Aécio disse que já tinha denunciado, durante a campanha eleitoral, as manobras fiscais do governo Dilma.

“Continuar a fazer isso é um acinte, um desrespeito absoluto àquilo que foi de mais valioso que nós conseguimos construir do ponto de vista da administração no Brasil que foi a Lei de Responsabilidade Fiscal. É um governo que age como se estivesse acima da lei e não está. E o governo federal de forma continuada fez isso com o único objetivo de vencer as eleições e hoje é um governo sitiado: não pode andar nas ruas e está nas barras dos Tribunais. Se o Tribunal de Contas, como todos nós esperamos, vier a agir de forma técnica como vem agindo, não há como aprovar as contas da Presidente da República”, disse Aécio, acrescentando:

“Essa reiterada prática delituosa pode levar até o Ministério Público, a Procuradoria Geral da República, onde existe ação do PSDB, a se manifestar e quem sabe abrir uma investigação contra a presidente da República”.

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Candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014, Aécio lembrou que denunciou o fato das pedaladas fiscais.

“Durante a campanha eleitoral, denunciei essas pedaladas, dizendo que a Caixa Econômica Federal pagava o Bolsa Família, ou parcela dele, e o governo não repunha por parte do Tesouro esses recursos. A presidente ignorou esse assunto. Agora, tentam transferir para um membro da equipe econômica (o ex-secretário do Tesouro Arno Augustin) essa responsabilidade. A responsabilidade é da presidente da República”, disse Aécio.

Segundo ele, um dos pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) era justamente evitar que bancos públicos financiassem seus controladores. “Essa não é uma questão que está sendo discutida agora. O que há é uma definição da votação do relatório do ministro Nardes que é pela reprovação das contas da Presidente da República. Isso deve ocorrer em menos de 30 dias”.

Aécio comparou a crise econômica vivida pelo país à jabuticaba, alegando que apenas o Brasil vive momentos de dificuldade e não o mundo. “Essa crise é como a jabuticaba, é uma fabricação aqui do Brasil feita pelo governo do PT”, afirmou o tucano.

QUEDA NA PESQUISA

Aécio disse ainda que o resultado da pesquisa Datafolha é um reflexo de o Brasil estar vivendo uma das maiores crises econômicas da sua história. A pesquisa Datafolha indicou que Dilma tem 65% de reprovação, entre ruim e péssimo. Para ele, o país vive três crises: a econômica, a moral e a de credibilidade. “Grande parte da desaprovação da presidente da República recorde no nosso período democrático se dá em razão dessa crise moral sem precedentes”, disse Aécio.

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O tucano disse ainda que sua candidatura à Presidência não é “agenda do momento”, ao comentar a pesquisa Datafolha que lhe coloca em primeiro lugar, com 35% dos intenções, à frente do ex-presidente Lula.

“Essa não é a agenda do momento, O PSDB tem outras responsabilidades que antecedem a disputa eleitoral de 2018, que é fiscalizar as ações do governo, denunciar as irregularidades cometidas e apresentar alternativas. É obvio que eu recebo como reconhecimento a responsabilidade, a seriedade do nosso trabalho essa minha posição nas pesquisas”, disse ele.

Aécio disse que PSDB estará “unido” na sua decisão. Ele e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disputam nos bastidores o posto de candidato. “Ao contrário do que acreditam alguns ou torcem outros, no momento da definição de quem será o candidato do PSDB, vamos estar absolutamente unidos, porque o PSDB sabe que a sua unidade é que vai inspirar outros aliados a estarem conosco. Eu, pessoalmente, no que depender de mim, não vou antecipar esse debate eleitoral”, disse o senador.