Os dois presidenciáveis do PSDB para as eleições de 2010 estiveram nesta quinta-feira (19) a menos de 100 quilômetros de distância um do outro, no Estado de São Paulo, mas não se cruzaram. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, veio de Belo Horizonte para uma visita de pouco mais de uma hora ao vice-presidente, José de Alencar, que se recupera de uma cirurgia de alta complexidade em seu apartamento na capital paulista. Já o governador de São Paulo, José Serra, passou a tarde no interior do Estado, na inauguração de uma fábrica. Aécio se esforçou em pregar a unidade no ninho tucano, mas voltou a insistir na realização de prévias e a refutar uma chapa tucana puro-sangue.

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Segundo o governador mineiro, a reunião entre os dois só deve acontecer após o feriado de carnaval, na capital. O mineiro chegou a afirmar que Serra topou acompanhá-lo em uma turnê pelo País ainda no primeiro semestre para divulgar, nos finais de semana, o "projeto pós-Lula" do PSDB. Apesar do discurso de coesão com o governador paulista, Aécio considerou: "Alguns veem as prévias como instrumentos de desagregação partidária, outros, como eu, como extraordinária oportunidade de modernização do partido."

Ele falou ainda da necessidade de o PSDB se desvencilhar da tradição centralizadora ao escolher candidatos. "Tivemos duas experiências pouco positivas", disse, lembrando as últimas eleições presidenciais, das quais o PSDB saiu derrotado depois de disputas internas entre Serra e o ex-governador Geraldo Alckmin. Aécio minimizou o fato de ter uma vantagem menor do que Serra nas pesquisas de intenção de voto em relação à virtual candidata do PT à presidência, a ministra Dilma Rousseff.

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"A candidatura do PSDB será aquela que apresentar maior capacidade não de vencer indicadores de pesquisa, mas de aglutinar forças políticas para a vitória." Questionado se tinha mais condições de unir forças do que o governador paulista, tergiversou: "Não sei. Não tenho essa pretensão. Não podemos achar que indicadores de pesquisas nos garantem sucesso lá adiante." E arrematou: "Temos chances reais de vitória, mas não devemos nos acomodar.

Saúde

A visita de Aécio a Alencar, que luta contra um câncer há 12 anos, durou 1h20. No apartamento da família do vice-presidente, na zona sul de São Paulo, os dois mineiros tomaram café preto e falaram sobre sua terra natal. "Falamos das histórias de Minas Gerais e acabamos cantando modas de viola de Montes Claros", contou Aécio. "Foi uma conversa muito mineira.

Sobre os rumos da política nacional, Aécio afirmou que os conterrâneos não falaram. "Ele não me deu conselhos nem eu pediria isso a ele", disse o governador. "Por mais que estejamos em palanques diferentes, ele é torcedor das coisas de Minas Gerais.

Sorrindo e acenando para os repórteres, Alencar, de 77 anos, apareceu na varanda em pé ao lado de Aécio ao final da visita. O governador mineiro contou que Alencar está bem-humorado e confiante na recuperação. "Alencar tem dado um exemplo de franqueza e transparência a respeito dos problemas de saúde que vive, algo raro entre políticos.

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