Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) recebeu nesta terça (14) representantes do movimento “Vem para a Rua” e declarou apoio às reivindicações dos manifestantes que foram protestar contra o governo nos dias 15 de março e no último domingo (12).
Aécio descarta encontro de FHC com Michel Temer: ‘estamos na direção oposta’
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta terça-feira que está descartada, nesse momento, a possibilidade de um encontro do vice-presidente Michel Temer com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele explicou que o coordenador político do governo havia solicitado um encontro com FHC para discutir a agilização da votação da reforma política, mas agora, com sua nova função, a conversa poderia ter uma conotação que não interessa ao PSDB e aos movimentos de rua que pregam o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O encontro aconteceria nesta terça-feira, mas acabou cancelado. “Nesse momento qualquer conversa vai na direção oposta do que estamos construindo, que é o enfrentamento a esse governo que usou de forma criminosa o estado para beneficiar um projeto de poder”, descartou Aécio, após participar de encontro com representantes de grupos que organizaram os protestos contra o governo nos dias 15 de março e 12 de abril.
Numa mudança de tom, Aécio disse que a defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff “não é golpe” e que podem existir motivos para a abertura de um processo de investigação contra a petista. “Impeachment não é uma palavra proibida. Impeachment não é golpe, é constitucional”, afirmou o senador.
Aécio vinha evitando falar em impeachment da presidente Dilma, mas parte dos integrantes do PSDB é favorável à abertura de investigação contra a petista. Como o afastamento de Dilma é uma das pautas das manifestações de rua, Aécio disse que o PSDB pediu ao jurista Miguel Reale Jr. um estudo das denúncias que já surgiram contra a presidente -para verificar se há elementos para o impeachment. “O doutor Miguel Reale está avaliando todas essas denúncias que se sucedem, uma mais grave que a outra, para ver se há caracterizado neste momento um crime de responsabilidade. Não é ainda a posição do PSDB, mas temos a obrigação de avaliar todas as alternativas”, disse o tucano.
Aécio afirmou que a denúncia de que a Controladoria Geral da União, diante de provas de corrupção envolvendo SBM Offshore e a Petrobras, adiou a abertura de processo para depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff - é motivo capaz de provocar um pedido de impeachment da petista. “É a utilização do Estado em busca de um projeto de poder. Certamente é um motivo extremamente forte [para o pedido de impeachment]”, afirmou.
O tucano disse que a CPI da Petrobras deve aprovar a formação de uma comitiva de cinco deputados, alguns da oposição, para viajarem à Europa com o objetivo de investigarem pessoalmente a denúncia. O grupo pretende conversar com o ex-diretor da SBM Jonathan David Taylor, que disse à Folha de S.Paulo que prestou depoimento e entregou mil páginas de documentos internos da empresa à CGU (Controladoria-Geral da União) entre agosto e outubro de 2014.
O órgão só anunciou a abertura de processo contra a SBM em 12 de novembro, 17 dias após o segundo turno da eleição presidencial.
Aécio recebeu nesta terça representantes do “Vem para Rua”, movimento que organiza as manifestações populares contrárias ao governo. O grupo entregou ao tucano convite para um ato público que será realizado nesta quarta (15) na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em que será lida a “Carta do Povo Brasileiro”.
No documento, os movimentos contrários ao governo listam reivindicações que serão entregues ao Congresso. O presidente do PSDB não deve participar do ato público, mas prometeu receber os manifestantes no Congresso para dialogar com o “Vem para a Rua” daqui para frente. A carta será protocolada pelos representantes dos movimentos na Câmara e no Senado. “Quanto mais da sociedade forem os movimentos, mais legítimos eles serão. Por isso, minha posição de não participar [dos protestos] no primeiro momento. Mas os movimentos estão vindo ao Congresso. Vai haver uma convergência grande. Os movimentos querem o que nós queremos”, disse Aécio.
Representante do “Vem para Rua”, Luciano Vilela disse que a carta vai reunir um “extrato” das manifestações realizadas no país, com os principais pontos de reivindicação ao Congresso --entre eles, a reforma política. “Pedimos o apoio dos deputados e senadores na leitura desta carta. Todos são bem-vindos”, disse. Apesar do chamado, os manifestantes admitem que a maior adesão às reivindicações será de políticos da oposição.
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