Em delação premiada, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse que o senador Aécio Neves (PMDB-MG) recebeu em 1998, de forma ilícita, R$ 1 milhão em dinheiro. A verba veio de um fundo montado por Machado, Aécio e pelo então senador Teotonio Vilela, que era presidente nacional do PSDB na época, com o objetivo de financiar a bancada do partido na Câmara e no Senado. O dinheiro seria usado em campanhas eleitorais.
O plano era “eleger a maior bancada federal possível na Câmara para que pudessem viabilizar a candidatura de Aécio Neves à presidência da Câmara dos no ano 2000”. Na delação, Machado disse também que recebeu pedido do presidente interino Michel Temer para financiar a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de Sâo Paulo em 2012. O valor acertado entre ambos foi de R$ 1,5 milhão.
Aécio chama de ‘falsas e covardes’ declarações de Sérgio Machado
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), chamou de “falsas e covardes” as declarações de Sérgio Machado nas gravações agora liberadas na íntegra. Em nota, Aécio diz que o ex-tucano Sérgio Machado “não hesita em mentir e caluniar no afã de apagar seus crimes e conquistar benefícios de uma delação premiada”.
Aécio disse ainda que, em 1998, sua candidatura à Presidência da Câmara sequer era cogitada. Segundo Machado, ele, Aécio e o então presidente do PSDB, Teotônio Vilela Filho, acertaram arrecadar recursos para ajudar cerca de 50 candidatos a deputados a se eleger, reforçando apoio à uma eleição de Aécio para o comando da Câmara. O delator disse que teriam sido coletados cerca de R$ 7 milhões.
Fernando Henrique
Machado, Aécio e Teotonio teriam arrecadado R$ 7 milhões, sendo que R$ 4 milhões do total teriam sido obtidos da campanha nacional de Fernando Henrique Cardoso. O restante teria saído de empresas. Segundo o delator, parte do dinheiro teria vindo do exterior. A divisão do bolo daria “entre 100 mil e 300 mil a cada candidato”, segundo Machado. Cerca de 50 deputados receberam a ajuda de custo para as campanhas. O maior beneficiado teria sido Aécio.
“A maior parcela dos cerca de R$ 7 milhões de reais arrecadados à época foi destinada ao então deputado Aécio Neves, que recebeu R$ 1 milhão de reais em dinheiro”, disse Machado. O ex-presidente da Transpetro também disse que Aécio “recebia esses valores através de um amigo de Brasília que o ajudava nessa logística”.
Entre as empresas que contribuíram para o fundo do PSDB está a Camargo Correa, uma das investigadas na Lava Jato. Segundo Machado, em 1998, recebeu “um pacote de dinheiro de R$ 350 mil reais para o PSDB” das mãos do presidente da empreiteira, Luiz Nascimento. “A Camargo ajudava fortemente e sempre foi um grande doador nas campanhas tucanas”.
Sérgio Machado afirmou ainda na delação que o fundo paralelo do PSDB deu resultados, porque elegeu 99 deputados, dando ao partido a segunda maior bancada da Câmara na legislatura seguinte. O maior partido era o PFL, com 105 deputados.
Furnas
Machado também disse que ouviu do ex-ministro Sérgio Motta, do governo Fernando Henrique, que Dimas Toledo era nomeado e apadrinhado por Aécio, e que “todos do PSDB sabiam que Furnas prestava grande apoio ao deputado Aécio via o diretor Dimas Toledo”. O delator também disse que Dimas “contribuiu com parte dos recursos para eleição da bancada da Câmara”. E que “parte do dinheiro para a eleição de Aécio para a Presidência da Câmara veio de Furnas”.
Em outro depoimento, Machado explicou conversa gravada com o ex-senador José Sarney (PMDB-A) em março deste ano, na qual chamou Aécio de “vulnerabilíssimo”. Segundo o delator, ele quis dizer que “Aécio Neves também incorria na prática de receber propinas tanto na forma de doações oficiais, quanto por dinheiro em espécie”.
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