A defesa enfática que a presidente Dilma Rousseff fez de seu mandato dividiu os aliados, mas ela planejou a estratégia “tim-tim por tim-tim”, sem ouvir seu padrinho, Luiz Inácio Lula da Silva, com quem não conversa desde a constatação feita por ele sobre o “volume morto” do governo. “Eu não sou Getúlio, não sou Jango, não sou Collor. Não vou me suicidar, não faço acordo, não renuncio”, disse Dilma, de acordo com um ministro, repetindo a frase de efeito que usou quando o PSDB pediu a recontagem de votos ao Tribunal Superior Eleitoral, após a eleição do ano passado. Lula também recorreu à mesma imagem no auge do escândalo do mensalão, em 2005.

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Dentro do avião, na escala que fez ontem em Portugal, quando se dirigia à Rússia, Dilma soube da movimentação do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que reagiu ao discurso do “golpismo” entoado pelo Planalto. “Ele vestiu a carapuça”, comemorou a presidente, surpresa com o que chamou de “atos falhos” do tucano durante entrevistas concedidas ao longo do dia.

Uma ala do PMDB, porém, avaliou que Dilma puxou ainda mais a crise política para dentro do Planalto, ofuscando até mesmo o lançamento do Programa de Proteção ao Emprego, lançado na segunda-feira, 6. Nos bastidores, um ministro do PT disse ao Estado que, se a presidente pudesse escolher o melhor momento para se pronunciar sobre as ações da oposição, certamente não seria no dia da divulgação daquele plano. Mas, no raciocínio do petista, “incêndio é incêndio e ela não podia esperar para apagar o fogo”.

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Na convenção do PSDB que reconduziu Aécio ao comando do partido, no domingo, tucanos apostaram em novas eleições antes de 2018, embora tenham evitado falar em impeachment. Para Dilma, essa foi a senha que faltava para entrar no ringue “com unhas e dentes”.