Opinião do leitor:
- Atrasos afetam 55% dos vôos no Aeroporto Afonso Pena nesta sexta
- Deputados relatam a Pires radicalização entre controladores e oficiais
- Lula convoca reunião de emergência com Saito e Pires
- Aeronáutica prenderá vice-presidente de federação de controladores
- Presidente da Infraero diz que Brasil não tem plano aeroviário nacional
Fontes da Aeronáutica confirmaram que o comandante Juniti Saito determinou, na tarde desta sexta-feira (22), o afastamento de 13 controladores de vôo considerados os líderes do movimento dos controladores aéreos de Brasília. Os servidores não serão presos ou demitidos, apenas afastados de suas funções.
Saito culpou os controladores pela nova crise no setor áreo e avaliou que o momento é de "extrema gravidade". O Comando ressaltou ainda que os problemas referem-se apenas aos atrasos dos vôos, mas não sua segurança.
"A todos os brasileiros e brasileiras, eu asseguro, em nome da Aeronáutica e do excelentíssimo senhor presidente da República, que desvios de conduta que venham a ferir, ou macular os princípios basilares da hierarquia e disciplina, segundo expressa a Constituição Federal, serão absolutamente conduzidos dentro da lei", disse Saito.
O comandante da Aeronáutica disse que um "comportamento repetitivo" de alguns controladores do Cindacta 1, de Brasília, nos últimos dias trouxe novos problemas. "De forma intransigente, um pequeno grupo desses sargentos controladores passou a recusar trabalho em equipamentos disponibilizados para a atividade de controle, mesmo em flagrante choque com os pareceres da área técnica, que asseguravam plena qualidade do serviço", disse Saito.
Contornar a crise
Ele anunciou ainda uma série de medidas para tentar contornar a crise que afeta o setor. Entre eles estão: prontidão de quatro esquadrões de comunicação; reforço em várias regiões do país, com Cindacta 1 apoiando controladores que continuam exercendo seu cargo; ativação de centro de controle de tráfego reserva para Brasília; criação de corredores especiais em trechos mais congestionados; ativação de rotas especiais entre São Paulo, Rio de Janeiro e Nordeste; ativação de posto militar de controle utilizando os próprios meios da força aérea para desafogar gargalo entre Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e São Paulo; reformulação e aprimoramento das escalas de serviço nos centros de controle; antecipação das fases do processo de modernização dos equipamentos e afastamento imediato das "lideranças negativas" que atuam no Cindacta 1.
O comandante Saito admitiu que as medidas anunciadas nesta sexta-feira podem, inicialmente, gerar "transtornos". "Para os quais, peço a compreensão de todos os brasileiros e brasileiras. Peço a compreensão, em particular, dos usuários e passageiros do transporte aéreo no Brasil. Tudo o que está sendo feito tem a meta de ultrapassar, de uma vez por todas, a inaceitável situação em que vivemos nos últimos nove meses", acrescentou ele.
Conversa com Lula
Antes de falar aos jornalistas nesta sexta (22), o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, reuniu-se, por cerca de uma hora, com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O encontro foi pedido por Lula para analisar um plano de contingenciamento para o setor. O G1 apurou que uma das alternativas seria reduzir o número de vôos internos para desafogar o controle aéreo. Em conversa com Saito nesta quinta-feira (21), Lula já havia determinado ao comandante da Aeronáutica providências necessárias para normalizar o fluxo e garantir a segurança do tráfego aéreo.
Segundo fontes da Aeronáutica, o presidente estaria convencido de que os controladores estão fazendo operação padrão, alegando problemas técnicos nos equipamentos que não foram confirmados pela perícia técnica. Um controlador disse ao G1 que, por conta da pressão, está responsável por menos vôos do que o necessário.
Problemas
Esta sexta-feira marca o quarto dia seguido de caos nos principais aeroportos de todo o país. O cenário é o mesmo: longas filas e atrasos. Segundo o último boletim da Infraero, dos 501 vôos programados para acontecer entre 0h e 9h, 114 tiveram um atraso de mais de uma hora.
O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, disse nesta sexta-feira (22) que a situação nos aeroportos não vai melhorar no fim de semana. Embora o tráfego aéreo diminua aos sábados e domingos, ele prevê que os passageiros enfrentarão transtornos até domingo (24).
"Estou com problemas em todos os aeroportos. O tráfego diminui um pouco no fim de semana, mas mesmo assim vai ser complicado", admitiu.
A confusão nos aeroportos começou na tarde de terça-feira (19), quando os controladores de vôo do centro de controle de tráfego aéreo de Brasília, o Cindacta-1, teriam realizado uma operação-padrão.
Na quarta-feira (20), ocorreu um novo problema no Cindacta-1. Uma queda na freqüência interrompeu as decolagens no aeroporto de Brasília. As partidas para o Norte e Nordeste ficaram suspensas por meia hora. Para o Sul e Sudeste, a suspensão durou uma hora e 15 minutos. A paralisação na Capital federal repercutiu em aeroportos de todo o país.
Na quinta-feira (21), os vôos sofreram espaçamentos durante todo o dia e alguns tiveram que ser cancelados.
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