A Aeronáutica determinou, na noite desta quarta-feira (20), a prisão administrativa por do sargento Carlos Trifilio, presidente da Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta), e agravou o clima de tensão entre controladores e o alto comando da Força Aérea Brasileira.

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O militar trabalha há 20 anos no controle aéreo. Depois do início da crise no setor aéreo, ele foi transferido para a base aérea de Guarulhos.

Nesta quarta, os controladores de vôo fizeram nova operação-padrão no Centro de Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta-1), em Brasília. Das 17h10 às 19h30, houve paralisação parcial do sistema aéreo do país, que já registrava atrasos em uma de cada quatro partidas, pelo efeito cascata da pane de terça-feira.

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Oito dos nove consoles do Cindacta-1 precisaram passar por reparos à tarde. "Os controladores adotam uma operação padrão, diminuindo pela metade os vôos controlados", disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), da CPI do Apagão Aéreo da Câmara.

Mais cedo, na CPI do Apagão Aéreo do Senado, o diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), brigadeiro Ramon Borges Cardoso, afirmou que a Aeronáutica trocou hoje os monitores. O desgaste dos equipamentos é o principal motivo apontado pelos sargentos para reduzir o tráfego aéreo, dificultando as operações. Hoje, apenas um dos consoles foi trocado no Cindacta-1.

Dia de caos

No Aeroporto Internacional de Cumbica, em São Paulo, 37% dos vôos programados para a manhã desta quarta-feira atrasaram mais de 45 minutos. No Aeroporto de Congonhas, a fila de espera era de mais de dez horas e o cancelamento de vôos deixaram passageiros revoltados no Aeroporto de Confins, em Minas Gerais.

"É um absurdo isso, porque já tem muito tempo e ninguém resolve nada. Acho isso uma agressão. Eu que viajo toda semana, cada vez é um pânico", disse Fernando Coccherale, curador de arte.

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José Carlos Pereira, presidente da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero), explicou a dificuldade para restabelecer a rotina. "Para cada cinco horas de paralisação ou de algum tumulto são necessárias 25 horas pra se voltar ao normal."

O problema veio do Cindacta-1, em Brasília. Na noite desta terça-feira (19), os controladores aumentaram o intervalo entre os vôos para 30 minutos e passaram a controlar apenas nove aviões, ao invés de 14, como fazem normalmente.

Eles alegaram que as imagens dos radares não estavam nítidas. Cinco das nove telas de controle foram desativadas e só voltaram a funcionar na madrugada de quarta-feira.

Brigadeiro na CPI

O brigadeiro Ramon Borges Cardoso, comandante do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), esteve na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado. Naa saída, falou sobre a decisão tomada pelos controladores de vôo. "O que eles colocaram foi justamente que aquela posição que estava alí em cada um dos setores não dava condições de trabalho. Mesmo a área técnica dizendo que o console estava com 95% da sua capacidade operacional. Eles acharam que tinha de estar com 100%. Por isso a troca foi feita."

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Para o senador Tião Viana, presidente da CPI, isso reforça o suspeita de operação-padrão dos controladores. "O nosso entendimento é que se for resolvido o impasse salarial, esse problema diminuirá de maneira substancial e a sociedade terá clama. Não é um problema técnico e de equipamento."

Advogado

O advogado dos controladores, Normando Cavalcanti, nega. "Não há o que se falar em movimento padrão de forma alguma. Eles estão trabalhando normalmente dentro das limitações. O equipamento da Aeronáutica é deficiente."

No fim da tarde desta quarta-feira, uma pane nas freqüências do Cindacta-1 interrompeu novamente as decolagens no aeroporto de Brasília. As partidas para o Norte e Nordeste ficaram suspensas por meia hora. Para o Sul e Sudeste, a suspensão durou uma hora e 15 minutos. A paralisação em Brasília repercutiu em aeroportos de todo o país.

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