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O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, negou nesta quinta-feira (12) no Senado qualquer existência de buraco negro no sistema aéreo brasileiro que poderia prejudicar o controle de radar dos aviões no país. A possibiidade de falhas foi relatada por controladores de vôos e revelada por reportagem do site de notícias G1, da Globo.com.

"Falar em buraco negro é maldade, porque isso não existe no nosso controle do espaço aéreo", afirmou em audiência pública com os senadores. Segundo ele, o que "pode existir" são "lacunas" no radar abaixo de dez mil pés, que são controladas de forma "segura" e "convencional".

Nesta quarta-feira, o G1 publicou reportagem baseada em documentos do Cindacta-1, obtidos com exclusividade, mostrando que aviões somem, multiplicam-se ou mudam inesperadamente de altitude no sistema de controle de tráfego aéreo de Brasília. Saito reapresentou no Senado exposição feita na Câmara na quarta-feira (11) sobre o sistema aéreo do país. Explicou com funciona o setor e repetiu que a Aeronáutica deve ter mais 500 controladores formados até o fim do ano (desses, segundo a assessoria da Aeronáutica, 160 estão sendo contratados por meio de medidas provisórias já aprovadas pelo Congresso, outros 160 são de uma turma extra e se formam em dezembro, 64 são civis e 150 são de turmas regulares, sendo que 70 se formam agora em julho e os demais no fim do ano, dando um total de 534).

O comandante compareceu nesta quinta a uma audiência pública no Senado feita em conjunto pelas comissões de Relações Exteriores e Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle.

Participam do encontro ainda o ministro da Defesa, Waldir Pires, o presidente da Infraero, José Carlos Pereira, o diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção de Vôo, Jorge Botelho, e Ricardo Morishita, diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor da Secretaria de Direitos Econômicos do Ministério da Justiça. Na quarta, além de Saito, também estiveram na Câmara Zuanazzi, Pires e Pereira.

Sem diálogo

Jorge Botelho reclamou da falta de um diálogo com o governo para discutir a crise no sistema aéreo brasileiro. Ele disse que não há um canal de negociação para solucionar os problemas ligados aos controladores de vôo.

Botelho citou, por exemplo, a negociação preliminar feita com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, no dia 30 de março, quando os controladores fizeram uma greve, causando um caos nos aeroportos do país.

Botelho considerou ruim a saída de Bernardo das conversas depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a missão ao comando da Aeronáutica. "Tentamos estabelecer uma mesa de negociação com o governo, mas até o momento não foi instalada. Se o ministro do Planejamento não é o interlocutor, a gente não entende", disse. "Novamente não temos uma interlocução. Nosso desejo é dialogar dentro de um clima de normalidade", ressaltou.

Semântica

Já o presidente da Anac tentou explicar no Senado a declaração dada na Câmara de que a crise aérea no país está "longe" de ser uma crise. Ele criticou a imprensa e disse que se referia apenas a problemas financeiros das empresas aéreas. "Pegaram a questão semântica, ao contrário do que tinha dito, e quiseram minimizar os problemas. A palavra crise é muito impactante. Eu quero me referir à prestação de serviço aéreo e indústria civil no momento de grandes dificuldades", afirmou. "Essas grandes dificuldades chamo de problemas. Não vou entrar em semântica".

Na Câmara, Zuanazzi afirmou que a crise foi "superada" em 2004 após o sistema aéreo ter vivido uma "crise aguda" entre 1999 e 2003, com a falência de duas empresas, Transbrasil e Vasp, e, depois, a Varig, em decorrência, segundo ele, de problemas financeiros, principalmente ligados à desvalorização do real.

Problemas de gestão

Waldir Pires repetiu o que falou na Câmara e reafirmou aos senadores nesta quinta que a crise no sistema aéreo brasileiro é decorrente de problemas de "gestão" no setor. "Vivemos uma crise de gestão, vinculada a recursos humanos e outros aspectos de equipamentos", afirmou. "A crise está assentada na inexistência de um recurso humano básico para os controladores, de equipamentos razoáveis, mas que vinham atendendo normalmente nossa necessidade", ressaltou.

O ministro disse ainda que a crise será resolvida com a ajuda do Congresso. "Creio que é uma crise que vamos juntos resolvê-la. O ideal é que possamos resolvê-la assim, numa grande parceria, numa grande vontade coletiva de organização", afirmou. "Somos um país em construção e todas nossas dificuldades dependem de diversos fatores".

Pires, que fez uma breve exposição no início da audiência, voltou a garantir que o sistema aéreo no país é seguro. "Posso afirmar que, sob todos os apectos, tivemos uma preocupação com a segurança das pessoas, com a vida das pessoas. E, apesar de tudo, nós temos no Brasil um sistema de aviação civil que tem os melhores padrões de segurança, com os mais baixos índices de acidentes", disse.

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