Apesar do fim da greve dos controladores de vôo, com um acordo fechado com o governo na sexta-feira, o caos voltou a tomar conta dos aeroportos de todo o país e muitos amanheceram lotados. Um motim de controladores iniciado ainda na sexta-feira paralisou os aeroportos e se estendeu até a madrugada deste sábado. Além de cancelamentos, vôos previstos para decolar na tarde de sexta só foram remarcados para a manhã do dia seguinte. Muitas pessoas passaram a madrugada no saguão porque as companhias aéreas não acomodaram os passageiros em hotéis e não pagaram refeição.
No aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pelo menos 42 vôos estão atrasados. Segundo o painel eletrônico da Infraero, há registro de atrasos de 18 partidas e 24 chegadas. Não há confirmação de outros 13 vôos que deveriam partir e 26 vôos que estavam previstos para aterrizar. Já no Aeroporto Internacional de Guarulhos, os atrasos chegam a oito horas.
O Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, está lotado de passageiros. A fila do check-in da Gol tem aproximadamente 400 pessoas. Segundo a Infraero, entre 5h30m e 8h, seis vôos foram atrasados e houve seis cancelamentos até a manhã deste sábado. As esperas chegam a três horas.
O caos aéreo chega também ao aeroporto internacional Tancredo Neves, em Confins, Minas Gerais, onde passageiros esperam pelo embarque desde as 17h de sexta-feira. Em Porto Alegre, 12 vôos marcados para a manhã deste sábado foram cancelados. As companhias aéreas estão pedindo que os passageiros entrem na fila para cancelar a passagem e remarcar o vôo. No momento, a fila do check-in chega a aproximadamente 500 pessoas.
Segundo nota oficial divulgada pelo colunista Ricardo Noblat, em seu blog, o governo cedeu para fechar a proposta apresentada aos controladores militares, aquartelados no Cindacta-1, desde o meio-dia. Entre os pontos da proposta, está "abrir um canal de negociação sobre remuneração dos controladores civis e militares a partir de terça-feira, 3 de abril".
O ministro Franklin Martins, de Comunicação Social, que divulgou a minuta do acordo, informou que os controladores retomaram os trabalhos logo após a assinatura do acordo, mas a situação dos aeroportos só deve se normalizar neste sábado.
Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desautorizou o comando das Forças Armadas, que havia mandado prender controladores de vôos em greve, e decidiu-se por uma saída negociada. Por meio de emissários, o presidente Lula, que estava em vôo de Recife para Washington, apelou à procuradora Ione de Souza Cruz, do Ministério Público Militar, para que suspendesse os 18 mandados de prisão já emitidos, a pedido da Aeronáutica. O presidente Lula pediu a suspensão das prisões para negociar com os grevistas militares.
De Washington, onde está para encontro com o presidente americano George W. Bush, Lula ligou para o Brasil e conversou com seu vice, José Alencar, e com o ministro da Defesa, Waldir Pires. Segundo relato da assessoria de Lula, o presidente determinou que se "reestabeleça a normalidade" no serviço de controle de tráfego aéreo por considerar que se trata de uma "questão de segurança nacional".
O encarregado para negociar com os controladores em greve foi o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que foi pessoalmente ao Cindacta-1, por volta das 21h desta sexta-feira, onde estavam cerca de 260 controladores, para apresentar uma proposta aos grevistas .
Pela proposta, ficam canceladas as transferências de militares envolvidos na mobilização (que foi o estopim da paralisação geral desta sexta-feira), está garantido o retorno dos militares para suas casas (eles estão aquartelados no momento), bem como está garantida a integridade física dos militares. O fim das perseguições é a maior demanda atualmente dos militares.Foi feita também a promessa de tocar adiante a desmilitarização do tráfego aéreo e dar uma gratificação especial para os controladores de vôo militares.
Com o retorno dos controladores ao trabalho, a previsão é que o atendimento aos passageiros para remarcação de passagem dure toda a madrugada. São grandes também as filas de fora dos aeroportos, já que as pessoas aguardam os ônibus prometidos pelas empresas aéreas para deixarem os aeroportos. As empresas alegam, no entanto, que não conseguirão atender a todos.
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