A ação de improbidade administrativa proposta na semana passada pelo Ministério Público Estadual contra o presidente da Câmara Municipal de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), revelou que, politicamente, ele estava tranquilo em relação aos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), aberta para investigar irregularidades nos contratos de publicidade da Casa. O que mudou os fatos foi a intervenção do MP, que fez Derosso abrir mão temporariamente da presidência para evitar a saída por meio de decisão judicial. A análise da repercussão do afastamento de Derosso é de cientistas políticos ouvidos ontem pela Gazeta do Povo.
Professores de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emerson Cervi e Ricardo Oliveira acreditam que, se não fosse a ação do MP, Derosso não teria pedido o afastamento temporário da presidência da Casa porque internamente o parlamentar estava seguro do desfecho dos trabalhos da CPI. "O papel do Ministério Público foi o deflagrador do afastamento pedido por Derosso. Ele estava administrando politicamente a crise na Câmara e ganhando tempo para protelar qualquer atitude mais drástica", afirmou Oliveira.
Impunidade
"A ação de improbidade acaba com a cultura da impunidade. Muitos na Câmara achavam que nada aconteceria com Derosso e que ele conseguiria levar o caso em banho-maria até o fim do ano", completou. Desde o início dos trabalhos da CPI, diz Cervi, ele acreditava num trabalho investigatório muito raso. "Desde o início esta CPI veio a reboque do MP e do TC [Tribunal de Contas do Estado]. A CPI saiu do nada e vai chegar em lugar nenhum", complementou o professor, citando que cabe a uma CPI levantar documentos, preparar o relatório e encaminhar às autoridades.
Apesar de tomar a iniciativa de protocolar o pedido de afastamento, Cervi analisa a saída temporária de Derosso da presidência como perda de poder dentro da Câmara e do partido. "Ele [Derosso] acha que não se trata de derrota política. Mas para mim é uma derrota sim porque representa uma queda no acúmulo de poder. Há seis meses, ele estava certo no cargo de vice-prefeito na chapa de Luciano Ducci (PSB) e mantinha o PSDB municipal nas mãos. Agora ele se afasta do diretório estadual e há muito tempo não figura como candidato a vice", disse Cervi.
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