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Brasília (AE) – A chegada do PT ao governo acabou mudando o ranking das agências de publicidade no Brasil. À medida que expiravam os contratos feitos pelo governo anterior, agências antes menos expressivas – quando não totalmente inexpressivas – foram conquistando espaço e mostrando a que vieram. O caso mais escandaloso, claro, é o das empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza. A sua DNA saltou da 46.ª posição, em 2003, para a 29.ª, em junho de 2005, enquanto o investimento publicitário nos meios de comunicação que passou pelas suas mãos crescia de R$ 23, 2 milhões para R$ 76 milhões.

Do primeiro semestre de 2004 para o de 2005, a DNA subiu do 30.º posto no ranking para o 29.º. Parece pouco. Não é. Cada degrau desse ranking, elaborado pelo Ibope Monitor em parceria com o Grupo Meio&Mensagem, significa milhões de reais. No primeiro semestre de 2004, o investimento tinha sido de R$ 70 milhões, ou R$ 6 milhões a menos que neste ano.

Para realizar essa façanha, a DNA conquistou as contas do Banco do Brasil, do Ministério do Trabalho e da Eletronorte. O total de R$ 76 milhões leva em conta descontos de 50%, em média, dados por veículos a contratos de mais longo prazo das agências, que ganham ainda bonificação por volume – o chamado BV, que é pago pelos veículos e gira, em média, em torno de 15% do valor contratado.

A posição ocupada especialmente pela DNA – a SMP&B, também de Valério, está em 47.º no primeiro semestre – tem causado surpresa e indignação entre agências tradicionais de publicidade. Magy Imoberdorf, que dirige a Lage’Magy e tem contas de empresas centenárias como as alemãs Dr. Oetker e Bosch acha "no mínimo estranho que, após mais de quatro décadas no mercado, seja apresentada só agora, e pelo noticiário de jornais e revistas, a agências como DNA, Matisse e SMP&B".

Até então uma pequena agência de Campinas, a Matisse entrou em cena depois que o publicitário Paulo de Tarso Santos, que fez as campanhas presidenciais de Lula em 1989 e 1994, associou-se à dona da agência, Dalva Andrade, e arrebatou as contas da Presidência e do Ministério das Cidades. Paulo de Tarso, que foi apresentado à Matisse por Kalil Bittar, filho de Jacó Bittar – que foi fundador do PT, embora não esteja mais no partido –, nega insinuações de favorecimento. Ele conta que desde 94 não faz campanhas do PT, foi assessor do ex-presidente Fernando Henrique por um ano e meio e, em 2003, pegou a conta do PSDB, mas saiu por divergências.

O mercado aponta o dedo para outras agências que têm ligações com o PT e vêm ocupando espaços nas contas do governo, como a Link Propaganda. Com sede na Bahia, a agência atende ao PT e fez as campanhas para prefeito dos petistas Nelson Pelegrino, em Salvador, e Geraldo Simões, em Itabuna. Os dois perderam, e Pelegrino deixou uma dívida de R$ 350 mil com a Link.

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