Homem forte do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na Petrobras, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, manteve encontros com o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa quando este já havia deixado a petroleira e operava negócios ilícitos, segundo a Polícia Federal. É o que indicam a agenda e cadernos de anotação do ex-executivo apreendidos pela Polícia Federal na Operação Lava Jato e que estão sendo periciados.

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Machado é citado ao menos quatro vezes nas agendas de 2012, de 2013 e, também, em um caderno mantido por Paulo Roberto, quando este já atuava como consultor e empresário do setor petroleiro.

Paulo Roberto está preso na superintendência da PF em Curitiba acusado de integrar um esquema de lavagem de dinheiro que envolve fornecedores da Petrobrás e que seria usado para financiar políticos e campanhas eleitorais do PP, PMDB e PT.

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A Transpetro é o braço da Petrobrás em processamento de gás natural e transporte e logística de combustível. Indicado para o cargo ainda no governo Lula, Sérgio Machado se mantém há dez anos e quatro meses no posto com o apoio de Renan.

Na agenda de Paulo Roberto há registros da anotação de celulares de Machado e de uma menção a "curso c/ Sérgio Machado, 5%", ao lado do valor R$ 5 mil e da inscrição "dois meses". A PF tenta decifrar a anotação.

Em julho de 2012, Paulo Roberto, já ex-servidor da estatal, chamou a atenção ao comparecer a uma cerimônia de entrega do navio petroleiro Sergio Buarque de Holanda para a Transpetro. Ao jornal Valor, na época, Machado disse que convidou Paulo Roberto para participar como "pessoa física" ao justificar que ele "teve um papel importante no Programa de Modernização e Expansão da Frota, que prevê investimentos de R$ 10,8 bilhões, na encomenda de 49 embarcações".

O jornal O Estado de S. Paulo deixou recados, com detalhes sobre o tema da reportagem no celular de Machado, mas ele não respondeu às tentativas de contato.

Padrinho do presidente da Transpetro, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) tem atuado contra a instalação de uma CPI para investigar exclusivamente a Petrobrás proposta pela oposição no Senado. Na última semana, Renan deu parecer favorável a uma CPI ampla, com temas que vão desde contratos da Siemens nos metrôs de SP e do DF e o Porto de Suape, em Pernambuco, que teriam potencial para constranger a oposição.

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Dornelles

A agenda de Paulo Roberto também registra um encontro com o senador Francisco Dornelles (RJ), presidente de honra do PP, no dia 25 de maio de 2012, um mês depois de o executivo ter deixado o cargo na Petrobrás.

O PP, ao lado do PMDB e PT, apoiou a indicação de Paulo Roberto na Petrobrás. Dornelles afirmou, pela assessoria, que conhece Paulo Roberto e "sempre o considerou um técnico da maior competência." Mas não informou se houve o encontro.

Conhecido no Congresso como "o homem que resolve", Paulo Roberto teve o apoio de PP, PMDB e PT nos oito anos em que esteve na Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, até ser demitido em 2012. Frequentador de gabinetes no Congresso, Paulo Roberto interferia em disputas internas nos partidos pela vaga de líder e financiamentos de campanha.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Nota oficial

A assessoria de imprensa da Transpetro enviou, nesta segunda-feira (14), nota oficial a respeito do caso. Leia, abaixo, a nota:

Sobre a reportagem do jornal "O Estado de São Paulo", publicada nesta segunda-feira (14/4), a Transpetro presta os seguintes esclarecimentos:

1) As reuniões às quais a reportagem se refere ocorreram, a pedido do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, para tratar de um pleito do Sindicato Nacional dos Mestres de Cabotagem e Contramestres em Transportes Marítimos. O sindicato solicitava que a Transpetro patrocinasse um curso para que contramestres pudessem se formar mestres de cabotagem;

2) A companhia reuniu-se com o sindicato e recebeu deste o pleito para realizar o curso.

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3) A gerência de Recursos Humanos da Transpetro estudou o assunto e elaborou um documento em que listava ao sindicato as razões pelas quais não era de interesse da Companhia patrocinar o curso. A Transpetro possui apenas contramestres em seu quadro funcional, os quais não pilotam embarcações da empresa;

4) O curso não foi realizado.