Agnelo Queiroz: transferências seriam referentes à compra de um carro usado, diz assessoria do governador| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), pagou R$ 7.500 para o policial militar João Dias Ferreira na mesma época em que o PM ameaçava delatar um suposto esquema de desvio de recursos em convênios do Ministério do Esporte, quando o órgão era comandado por Agnelo (2003-2006).

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As transferências bancárias para Ferreira – três depósitos de R$ 2.500, com intervalo de cerca de 30 dias entre cada um – constam dos extratos da conta de Agnelo remetidos pelo Banco de Brasília (BRB) à CPI do Cachoeira nesta semana. Os pagamentos ocorreram nos dias 1.º de fevereiro, 4 de março e 31 de março de 2008.

Em dezembro de 2007, dois meses antes do início dos pagamentos, uma auditoria do ministério identificou fraudes em convênios firmados com ONGs de João Dias – a Federação Brasileira de Kung-Fu e a Associação João Dias. Com a auditoria, a Polícia Militar do DF abriu uma sindicância para investigar o policial, que passou, então, a pressionar o ministério a recuar e, segundo o próprio, ameaçou revelar à imprensa as irregularidades ocorridas na gestão de Agnelo. Em abril de 2008, o ministério, já comandado por Orlando Silva, esvaziou a apuração contra a ONG de João Dias

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João Dias chegou a ser preso em 2010, pela Polícia Civil do DF, acusado de desviar verbas públicas. Na época, surgiram gravações em que o nome de Agnelo é citado e que indicavam o pagamento de propina. Em 2011, a Polícia Federal iniciou investigações sobre suposta participação de Agnelo nos desvios de recursos do Ministério do Esporte.

Em nota, o governador do DF informou que as operações financeiras com Ferreira dizem respeito à compra de um veículo usado – Honda Civic, modelo 2006/2007. A transação teria sido feita em fevereiro de 2008, mediante a entrega de 10 cheques nominais pré-datados, mas acabou desfeita pouco mais de dois meses depois, com a devolução do carro e a restituição dos cheques. A assessoria do governador sustenta que a operação é absolutamente legal e que o governador não tentou escondê-la e ofereceu seu sigilo à CPI.