O setor agrícola planeja reforçar o lobby sobre os candidatos neste ano eleitoral. A partir de julho, depois das convenções partidárias, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), irá convidar todos os presidenciáveis a comparecerem à sede da entidade, em Brasília, para detalhar as reivindicações e ideias dos agricultores. A estratégia faz parte da tentativa da CNA de direcionar as propostas dos concorrentes para os interesses do setor. Além dos candidatos ao Palácio do Planalto, a confederação também pretende convidar os políticos que vão concorrer a governador, senador ou deputado para conhecerem as propostas do setor.
As diretrizes que serão apresentadas aos candidatos são um retrato de como o setor se posiciona ante questões ambientais e políticas. Os agricultores pedem, por exemplo, a reforma da legislação ambiental, descartando a transformação de áreas agrícolas em florestas, exigência do Código Florestal em vigor. Também condenam programas que sobrepõem interesses de grupos, como sem-terra e indígenas, à garantia da propriedade privada. Além disso, pedem que o agronegócio seja prioridade para investimentos.
Segundo os técnicos da CNA, há um déficit portuário na região Norte-Nordeste que impede o embarque de 10 milhões de toneladas de grãos ao ano, produção que sobrecarrega portos do Sudeste e do Sul. Eles alegam que não há investimento suficiente nem mesmo para educação no campo. Mais de 80% dos produtores não concluíram o ensino fundamental, apontam. Na avaliação da presidente da confederação, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), o setor não pode mais suportar esse quadro. Para a senadores, os governos devem mais atenção ao agronegócio pela importância econômica do setor, responsável por um terço do PIB do país.
O texto base do documento que reflete o pensamento e as necessidades do agronegócio foi elaborado com a mobilização de cerca de 5 mil produtores 1,5 mil do Sul em encontros realizados nas cinco regiões brasileiras sob o tema "O que esperamos do próximo presidente". Um esboço das ideias que serão discutidas com os candidatos foi apresentado por Kátia Abreu num seminário que reuniu cerca de 50 líderes da agricultura e da pecuária na última quarta-feira em São Paulo. Antes de ser entregue aos candidatos, o documento será encaminhado às 27 federações estaduais da agricultura, que vão incrementá-lo livremente.
"Agora, ninguém vai entrar desavisado [sobre os problemas da agropecuária] na Presidência", disse o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, elogiando a estratégia da CNA. "O último presidente que conhecia a agricultura foi Getúlio Vargas", completou.
Apesar da afinidade com o pré-candidato a presidente José Serra (PSDB), Kátia Abreu disse que a CNA não vai escolher um ou outro político. "O produtor sabe em quem votar, não vai precisar de nomes", alegou. Segundo ela, serão convidados todos os concorrentes à Presidência para apresentar seu posicionamento e espera apoio inclusive da pré-candidata do governo, Dilma Rousseff (PT). "Os candidatos ficarão livres para absorverem nossas diretrizes como quiserem", disse Kátia Abreu, que ainda não definiu seu futuro nessas eleições. Ela é uma das opções de vice para Serra, mas também é cotada para concorrer ao governo de Tocantis pelo DEM.
Serviço: As principais reivindicações e propostas elaboradas a partir dos encontros promovidos pela CNA para o setor agrícola estão no site: www.canaldoprodutor.com.br/propostas2010.
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*O jornalista viajou a convite da CNA.
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