Ainda não foi desta vez que o PSDB "saiu do muro" em relação à disputa pelo governo do estado. O programa partidário dos tucanos paranaenses, transmitido pela televisão ontem à noite, insinua, mas não assume uma candidatura própria ao Palácio Iguaçu. Ainda à espera de uma palavra final do senador Osmar Dias (PDT) sobre a candidatura ao governo, os tucanos do Paraná falaram apenas em "alternativas" para a disputa durante o programa partidário gratuito.
O deputado federal Gustavo Fruet, que no programa do início do ano já tinha feito uma participação, desta vez ganhou mais destaque. Dos 20 minutos de programa, quase 4 são dedicados a mostrar a biografia política do deputado e a um discurso de oposição. "Não vamos permitir que a mentira e o cinismo dêem o tom da campanha. O PSDB tem a experiência para fazer a mudança, sensibilidade política e competência técnica", diz Fruet, apontado como "plano B" da aliança de oposição ao governo do estado. Antes da aparição do deputado federal, o presidente do diretório estadual, Valdir Rossoni, diz que o PSDB deve oferecer ao Paraná uma opção de mudança para o governo do estado.
Quem aparece no programa com discurso mais de candidato ao governo do que ao senado é Alvaro Dias. O senador afirma que este será um ano de "avaliação final" dos governos, tanto do Brasil quanto do Paraná. Alvaro critica o crescimento econômico do Paraná, que considera "risível" e que trouxe como conseqüências a queda do emprego e a violência. Nas críticas do senador tucano ao governo do Paraná, sobrou até para Curitiba, administrada pelo seu correligionário Beto Richa. "Das cem cidades mais violentas do Brasil, dez estão no Paraná, e Curitiba é a sexta mais violenta. Precisamos mudar esse modelo de gestão que foi reprovado, que não deu certo. O PSDB tem experiência administrativa comprovada para mudar o Brasil e o Paraná", diz Alvaro Dias.
O senador tucano disse, em entrevista à Gazeta do Povo, que é candidato ao Senado. "Só saio ao governo se enfiarem uma espada no meu peito", disse. O senador explica que, sempre que o partido lhe dá oportunidade, aproveita para fazer um discurso mais crítico. O nome de Alvaro é considerado o mais forte do PSDB para a disputa contra Roberto Requião, mas em abril o senador anunciou que definiu sua candidatura ao Senado. O deputado Hermas Brandão também cogita a vaga, e a direção estadual tenta um acordo entre os dois para que não haja decisão durante a convenção.
O prefeito de Curitiba, Beto Richa, abre e fecha o programa partidário. As ações da administração da capital são mostradas como modelo de gestão urbana, que podem ser implementadas no Paraná e em todo o Brasil. Beto Richa faz uma leve provocação, sem citar nomes, aos governos Lula e Requião. "O Paraná e o Brasil precisam de uma pessoa equilibrada, de bom senso, qualidades que podem ser encontradas em Geraldo Alckmin", diz Richa, que introduz o bloco nacional do programa, no qual Alckmin é mostrado em ação no governo de São Paulo, com mangas de camisa dobradas e capacete de obra.
Espera
O vice-presidente estadual do PDT, Augustinho Zucchi, disse ontem que até domingo o senador Osmar Dias não tinha recebido visita do presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati, conforme anunciou a direção estadual dos tucanos. Osmar ainda se recupera da cirurgia vascular nas pernas a qual foi submetido na quarta-feira, em São Paulo. De acordo com Zucchi, Osmar deve voltar para Curitiba ainda nesta semana, antes do previsto. Ele deve passar mais três semanas em recuperação.
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