Senadores do PT vão apoiar instalação de CPI para apurar licitações do metrô
Senadores do PT decidiram nesta terça-feira (13) apoiar a instalação de CPI mista (com deputados e senadores) no Congresso para investigar o suposto esquema de irregularidades em licitações do metrô e da CPTM em São Paulo. A bancada do PT no Senado já elaborou o pedido de criação da comissão parlamentar de inquérito, mas vai consultar outros partidos aliados da presidente Dilma Rousseff para começar a buscar apoio para a sua instalação.
Esquema de cartel do metrô pode ter envolvido governo federal
O Ministério Público Federal (MPF) vê indícios de que o suposto esquema de cartel nas obras do metrô de São Paulo tenha atuado também em licitações federais envolvendo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A afirmação foi feita na segunda (12) pela procuradora da República em São Paulo Karen Louise Jeanette Kahn responsável pela investigação do caso na área federal.
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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) declarou em entrevista coletiva nesta terça-feira (13) que o Estado paulista vai processar a multinacional alemã Siemens por formação de cartel. "Hoje estamos anunciando o início do processo. Nós vamos fazer um processo contra a empresa Siemens pela lesão aos cofres públicos e ao Estado de São Paulo, exigindo a indenização de toda a lesão", disse. "Ela [a companhia] não escapará do Tribunal de São Paulo", acrescentou.
Apesar disso, Alckmin afirmou que os contratos atuais com a Siemens estão mantidos. O caso envolvendo a empresa já se arrasta desde julho, quando a empresa alemã delatou um cartel do qual fazia parte,- envolvendo o fornecimento de equipamentos para metrôs e trens em São Paulo e no Distrito Federal - a autoridades antitruste.
O governo de São Paulo finalmente teve acesso, por ordem judicial, aos documentos relativos a apuração contra as companhias que operam o metrô.
A investigação vem sendo feita pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) com "diários" que a multinacional alemã Siemens entregou às autoridades. Lá estão registrados as negociações da empresa com representantes do Estado, indicando que o governo paulista teve conhecimento e avalizou a formação de um cartel para a licitação da linha 5 do Metrô de São Paulo. Os casos relatados vão de 1998 a 2008.
Na denúncia, a Siemens aponta que as empresas Alstom (França), Bombardier (Canadá), Mitsui (Japão) e CAF (Espanha) eram as que operavam em cartel no país.
Alckmin já havia criticado a necessidade de ir à Justiça para ganhar acesso aos arquivos que estão sendo investigados. O suposto esquema de corrupção teria envolvido as últimas três gestões do governo de São Paulo --Mário Covas, José Serra e o próprio Alckmin--, todas do PSDB.
Protestos
Nesta quarta-feira (14) estão previstas em São Paulo manifestações de sindicalistas e do Movimento Passe Livre (MPL) por causa dos problemas do metrô.
A primeira manifestação, marcada para as 15h no Vale do Anhangabaú pelo Movimento Passe Livre (MPL) e pelo sindicato dos metroviários (Metroviários-SP), tenta se descolar da bandeira "Fora Alckmin", enquanto a reunião convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) de São Paulo em frente à Assembleia Legislativa, às 17h, vai pressionar pela abertura de uma CPI para investigar o envolvimento dos tucanos no caso.
Processo contra Siemens é 'cortina de fumaça', diz líder
O líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, Luiz Claudio Marcolino, disse nesta terça-feira (13) que o anúncio feito pelo governador do Estado, o tucano Geraldo Alckmin, de que irá processar a multinacional Siemens e pedir indenização por lesão aos cofres públicos estaduais "é apenas uma cortina de fumaça para tentar ludibriar a opinião pública".
"A empresa é ré confessa na participação do esquema que fraudava as licitações e informou, inclusive, que havia o aval do governo do Estado. Neste momento, o que a sociedade quer saber é quem participou do esquema, quanto foi desviado dos cofres públicos e qual a dimensão do rombo", frisou Marcolino.
De acordo com levantamento realizado pela bancada do PT na Assembleia, o governo Alckmin realizou mais de 130 contratos com o consórcio denunciado pela Siemens. Para o líder petista, estas questões podem ser respondidas e esclarecidas com a instalação de uma CPI. Além disso, ele defendeu o afastamento do presidente do Metrô e do secretário de Transportes Metropolitanos até que sejam concluídas as investigações.
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