São Paulo (Agências) O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse ontem que "não vê problemas" nas campanhas eleitorais do PSDB realizadas desde 1998. A afirmação foi feita em resposta a pergunta sobre a situação do partido, após a confirmação de que um cheque de R$ 700 mil assinado pelo publicitário Marcos Valério foi usado para saldar uma dívida com o tesoureiro da campanha do então candidato tucano ao governo do estado de Minas Gerais e atual presidente nacional do partido, Eduardo Azevedo.
As atenções se voltaram novamente para Azeredo devido às revelações da Isto É desta semana: segundo a revista, Cláudio Mourão, que trabalhou na campanha ao governo de Minas em 98, recebeu R$ 700 mil para ficar calado e inocentar o ex-chefe das acusações de envolvimento com o caixa 2. A Isto É afirma que o dinheiro supostamente uma dívida residual da campanha saiu de uma conta que Marcos Valério mantinha com a esposa no Banco Rural.
Alckmin defende a apuração das acusações. "Se tiver alguém do PSDB envolvido, deve ser identificado", disse o governador, acrescentando "que em um regime republicano a lei vale para todo mundo". "Ele (Azeredo) já prestou os esclarecimentos à CPMI e, agora, vamos aguardar", acrescentou.
Deputados da base e da oposição que integram a CPI vão cobrar explicações do próprio Azeredo sobre a denúncia da Isto É, que informa que, entre abril e outubro de 1998, Azeredo e Valério trocaram 53 telefonemas. "Azeredo não pode se negar a dar explicações. Não deve haver proteção por ser alguém do governo ou da oposição", disse o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). O deputado Maurício Rands (PT-PE), disse que agora a CPI precisa verificar os documentos. "É mais um elemento a indicar que o direito autoral do esquema é do PSDB-PFL. Isso mostra que Azeredo sabia do caixa 2."
O tucano Gustavo Fruet (PR) diz que o cheque pode garantir uma nova linha de investigação. Ele suspeita que haja uma outra contabilidade, com outros sacadores, além da apresentada por Valério à CPI. "Nossa preocupação tem sido a de não evitar nenhum tipo de investigação, mas sempre separando caixa 2 de corrupção", afirma.