Depois de participar ao lado de líderes do PSDB, PFL e PPS da primeira reunião de trabalho dos colaboradores de seu programa de governo, o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira que, se eleito, pretende controlar as emendas parlamentares que tramitam no Congresso. Segundo ele, a falta de domínio sobre emendas dá margem à corrupção. Em meio a críticas sobre a fraude na compra de ambulâncias, que resultou na Operação Sanguessuga, Alckmin disse ainda que o trabalho da Controladoria Geral da União (CGU) é ineficiente.

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- Pior que a corrupção é a impunidade. O dinheiro não é do Congresso, é do Executivo. Quando você verifica a Operação Sanguessuga, é dinheiro do Ministério da Saúde que está sendo roubado e o Executivo não tem controle. Pretendo estabelecer um controle sobre as emendas: custo, destino avaliação - disse.

À noite, no programa "Roda Viva", Alckmin reafirmou que não é contra as emendas parlamentares, mas que é preciso combater os desvios:

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- Emenda parlamentar é correta. A atividade mais nobre do Parlamento é o Orçamento. O parlamentar representa um setor, uma região. Mas não se pode é permitir o roubo. Pretendo fazer uma grande revolução em termos de gestão no país.

Para Alckmin, a CGU deve ter instrumentos para prevenir desvios de recursos.

- É preciso ter instrumentos não só para apurar depois que o problema aconteceu, mas prevenir, ter critérios. Se comprasse por pregão eletrônico não teria esse sobrepreço na compra de ambulâncias.

Perguntado se a CGU era ineficiente, foi taxativo:

- Se fosse eficiente não estariam acontecendo tantos como hoje.

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Ainda no encontro, dirigentes dos três partidos voltaram a criticar o governo Lula, defenderam uma política econômica desenvolvimentista e atacaram a forma como o atual governo conduz os projetos na área social. Segundo Alckmin, em vez de defender mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o governo Lula deveria conter os gastos na administração federal.

- A LRF estabelece critérios para os estados e para os municípios. Mas qual o critério para a União? Não existe!

No "Roda Viva", Alckmin prometeu trabalhar para fazer a reforma política no início de seu mandato, defendendo como ítem principal a fidelidade partidária, com sete ou oito partidos no país. Assim ele acredita que seria mais simples governar sem fisiologismo.

Alckmin disse que é a favor da reeleição e que, se fosse eleito, não incluiria o tema em seu programa de reforma política. No PSDB, o tema é delicado porque José Serra e Aécio Neves devem disputar a indicação do partido em 2010 para concorrer à Presidência.

- Sempre fui favorável (à reeleição). Ninguém é obrigado a ser candidato, mas tem que ter regras para coibir os abusos e a utilização da máquina pública. A Constituição não pode caminhar ao sabor do interesse político da hora. Há necessidade de regras mais firmes para o presidente que tenta novo mandato. Da forma como está hoje em dia, talvez fosse melhor até acabar com a reeleição - disse Alckmin, afirmando ainda ser contra o mandato de cinco anos.

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Alckmin também falou de segurança pública, citou a queda do número de homicídios em São Paulo desde o início do governo Mario Covas e disse que tirou os presos das cadeias superlotadas do estado. O tucano negou que houvesse, em sua gestão, falta de diálogo entre os secretários de Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, e de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa.

- Eles sempre trabalharam juntos, mas não são obrigados a pensar igual - disse.

Para ele, o número de homicídios caiu porque aumentaram as prisões de criminosos.

- Eles agora estão reclamando porque estão isolados, querem regalias na prisão. Mas o governo não pode voltar atrás, tem que ser duro.

Alckmin defendeu a gestão do ex-presidente tucano, afirmando que acha um atraso o fato de o governo Lula não reconhecer o que foi feito pelo antecessor.

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- Não me envergonho de defender o governo Fernando Henrique, que promoveu a estabilização da moeda. Minha geração não sabia o que era moeda estável. Agora, se o candidato Lula quiser discutir passado, eu vou discutir o futuro. O que interessa é saber quem pode fazer mais nos próximos quatro anos.

Alckmin citou o Bolsa Família como exemplo de política criada no governo anterior. Alckmin afirmou que vai mantê-lo, mas disse que vai priorizar, em seu governo, a educação.

- Vamos manter e aperfeiçoar o Bolsa Família, que nasceu conosco. Ele é bom programa de proteção social, mas devemos fazer uma emancipação, por meio da escola.

O tucano listou prioridades:

- Princípios e valores, honestidade no governo. Além disso, uma obsessão pelo crescimento e prioridade para educação - disse Alckmin.

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O candidato criticou a atual taxa de juros e disse que ela é alta porque o governo não tem uma política fiscal eficiente.

- O governo mantém uma política fiscal ruim, que força uma política monetária muito dura. Aumentar a taxa de juros é o único instrumento de um governo que não soube cortar os gastos públicos e, com isso, aumenta impostos e diminui investimentos

O candidato defendeu a reforma agrária, mas criticou as invasões de terra que, segundo ele, não garantem a segurança jurídica para que o governo e a iniciativa privada façam investimentos. Alckmin criticou o MSLT, alegando que ele não é movimento social, mas sim um movimento político, mantido com dinheiro público em relação ao qual o governo tem uma 'posição dúbia'.

Segundo o tucano, o governo deve investir em reforma agrária, mas não 'jogando as pessoas na terra' e usou como exemplo sua gestão em São Paulo onde, segundo ele, há condições de crédito e infra-estrutura para os agricultores assentados.