Brasília (Folhapress) A candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP) à presidência da Câmara recebeu críticas de vários partidos ontem, inclusive de alguns deputados do PT, que se sentiram enganados pela forma como o ex-ministro da Articulação Política foi escolhido.
Petistas chegaram a colocar em dúvida o voto no deputado comunista, irritados por terem apoiado Arlindo Chinaglia (SP), que depois retirou abruptamente sua candidatura.
"Havia um entendimento em torno do Arlindo, e às 23h de ontem (quinta-feira) fiquei sabendo do acordo. Não dá mais para o PT tomar decisões de cúpula. Por isso, não tenho opinião formada sobre em quem votar", disse o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ). A opção por Chinaglia fez com que três outros petistas abrissem mão: Sigmaringa Seixas (DF), José Eduardo Cardozo (SP) e Paulo Delgado (MG).
Wasny de Roure (DF), mesmo sendo um dos vice-líderes do PT na Câmara, diz que ficou "vendido no processo". "Só houve consenso em torno do Arlindo porque ele foi apresentado como candidato que PP e PL apoiariam. Depois se viu que isso não era verdade. Tudo isso é muito ruim", declarou.
Ontem foi um dia de más notícias para o candidato Aldo. A esperada desistência de outros nomes de partidos da base aliada em seu favor acabou não acontecendo. Francisco Dornelles (PP-RJ), João Caldas (PL-AL) e Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP) disseram que mantêm suas campanhas e abriram fogo contra o candidato do governo. Pior ainda, Michel Temer (PMDB-SP) sinaliza que vai se bandear para a oposição, apoiando José Thomaz Nonô (PFL-AL), mas ele só vai tomar uma posição na próxima terça.
"Só deixarei de disputar se o partido fizer outra reunião e achar que não deva ser candidato. A candidatura do Aldo é uma candidatura imposta de cima para baixo", afirmou Dornelles.
O PP, pelo menos por enquanto, diz que mantém a opção por seu deputado.
Para Caldas, a escolha de Aldo é fruto de "manobras políticas". "Não vou compactuar com esse jogo de cartas marcadas. Estava tudo armado pelo Palácio do Planalto para colocar o Aldo", afirmou.
Já Fleury declarou que o governo errou ao escolher seu ex-líder do governo e ex-ministro. "Minha candidatura é irreversível. O governo cometeu outro erro, deu outro tiro no pé. O Aldo foi ministro do governo e não foi prestigiado. Seria agora?"
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