O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), candidato à reeleição, afirmou nesta quarta-feira que seus adversários querem ganhar a disputa por WO - graças à desistência do oponente. Segundo Aldo, o apoio de parte da bancada do PMDB ao líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), "não foi um gol, mas um arremesso manual". Dos 89 deputados do partido, 64 participaram da votação de terça-feira, e 46 apoiaram o petista.
- Soube que ontem (terça), logo após a reunião do PMDB, tentaram a iniciativa de me convencer a retirar a candidatura. Isso indica que meus adversários querem ganhar a partida por WO (vitória quando o adversário não comparece), não querem adversário em campo, querem dar a volta olímpica antes do fim do jogo - disse Aldo.
O deputado não acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a pedido do PT e do PMDB, interceda junto a ele para que retire sua candidatura.
- Não acredito que o presidente Lula, que me conhece já há muito tempo, aceitaria este tipo de proposta - disse.
Após a derrota, Aldo agarra-se agora à oposição e à esperança de defecções no PMDB, na votação secreta, para manter sua candidatura.
- Continuo na luta, como o tigre contra o elefante. O elefante é grande e pesado, mas não tem a mobilidade do tigre. Se o tigre não parar, vai ferir e cansar o elefante até derrotá-lo - disse Aldo, em referência a uma citação do líder comunista Ho Chi Min.
Chinaglia
No início da noite, assim que acabou a reunião do PMDB, Chinaglia comemorou. Tanto ele como o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), ressaltaram que o apoio do partido ao petista fazia parte de um acordo em que o PT assumiria o compromisso de apoiar um candidato peemedebista para a presidência da Câmara para o biênio 2009/2010.
- Eu me sinto mais fortalecido, não só pelo peso numérico do PMDB, mas pelo peso político - disse Chinaglia, que chegou a brincar: - Com o PMDB se incorporando à minha campanha, vou ter tempo para cortar o cabelo.
Berzoini
Para o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), o apoio do PMDB a Chinaglia é essencial para sua candidatura deslanchar. Porém, admitiu que a decisão não garante a eleição do petista. Segundo Berzoini, os votos do PMDB são "importantíssimos", mas ainda falta a manifestação dos demais partidos da base aliada.
- É um resultado positivo, mas continuamos na luta em torno da candidatura única. Arlindo conseguiu realmente um grande apoio para a candidatura dele, mas precisamos continuar articulando para chegar ao entendimento da base em torno de um só nome - disse o petista em entrevista ao site "Congresso em Foco".
O presidente do PT admite que a existência de duas candidaturas pode levar a uma divisão na base aliada, como ocorreu em 2005, mas afirma que, se não for possível convencer Aldo a desistir, é preciso criar as condições para a vitória de Chinaglia no plenário.
- O ideal para a coalizão do governo é que nós tenhamos uma única candidatura da base, mas não podemos trabalhar só com o ideal, temos que trabalhar também com a realidade. Vamos trabalhar para que nós possamos construir num prazo mais breve possível uma candidatura única. Se não for possível, vamos estabelecer as condições para que a vitória do nosso candidato possa se dar no processo eleitoral para a mesa da Câmara - disse Berzoini.
Terceira via
Já o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que lidera o chamado grupo alternativo de parlamentares, anunciou que lançará um candidato na próxima terça-feira. Para Jungmann, o apoio do PMDB a Chinaglia não inviabiliza uma terceira via.
- Vamos ter uma candidatura - garantiu ele, listando como possíveis nomes os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ), Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Luiza Erundina (PSB-SP).
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