O presidente da Câmara e candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PCdoB), propôs nesta sexta-feira que os salários no Judiciário sejam congelados até que se estabeleça um teto para os rendimentos dos magistrados. A iniciativa significaria, segundo Aldo, uma "medida moralizadora".
Em debate ao lado dos outros dois candidatos à presidência da Casa, Arlindo Chinaglia (PT) e Gustavo Fruet (PSDB), Aldo lembrou que os magistrados "levam" os supersalários para "a vida eterna", enquanto os parlamentares só têm quatro anos de mandato.
- Acho que tem de se estabelecer um teto para todas as carreiras. Creio que devemos congelar os salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal enquanto o teto não for estabelecido. Acho que essa é uma medida moralizadora e que também estabelece o mínimo de equilíbrio e de isonomia entre o topo da carreira de juízes, promotores e ministros do Judiciário, que levam para a vida eterna e aposentadoria todos esses salários enquanto que os parlamentares só têm quatro anos de mandato - disse Aldo, durante debate promovido pelo jornal "Folha de S. Paulo".
Por sua vez, Chinaglia preferiu evocar um clima de entendimento antes de apoiar a tese de congelamento. Ele, no entanto, não descartou a possibilidade de manter salários dos magistrados no patamar atual até que se estabeleça um teto para a categoria. O petista voltou a propor que as reposições nos salários do Executivo, Legislativo é Judiciário respeitem a inflação.
- Hoje todos têm juízo e defendem reajuste (dos salários) pela inflação. Eu prefiro discutir antes com os outros dois poderes para não passar a idéia de que estaríamos adotando uma atitude de retaliação com o Judiciário na medida em que o Judiciário vetou a iniciativa das mesas da Câmara e do Senado (de aumentar os salários dos parlamentares em 90%). O caminho de congelar o salário do Judiciário pode ser um, mas creio que tenhamos que discutir isso com cuidado para não confrontar os poderes, já que defendo a autonomia entre eles - disse o petista.
Já o candidato do PSDB à Câmara dos Deputados, Gustavo Fruet, disse que o debate não poderia passar por uma "disputa emocional". Para Fruet, o STF tem uma realidade diferente da do Congresso e esse tema deveria ser tratado com serenidade.
- Não podemos fazer desse debate uma disputa emocional entre os poderes. Temos que entender que o Supremo tem uma realidade diferente da do Congresso. Estamos falando da vida de 11 ministros da maior instituição do Brasil que justamente têm o papel de administrar esses conflitos. Não podemos trabalhar esse tema como (se fosse) vingança - disse Fruet.
Ainda no debate, os três candidatos evitar se comprometer com o fim das verbas de gabinete. Disseram apenas concordar em mais transparência para tratar dos gastos, mas nenhum dos três assumiu publicamente a bandeira de acabar com a verba.
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