O deputado federal Nelson Meurer (PP) é o primeiro político paranaense com mandato a virar réu na Lava Jato, mas não é o único investigado pela força-tarefa da operação. Outros cinco paranaenses já tiveram o nome citado em depoimentos ou já são investigados pelo Supremo.
Meurer virou réu na Lava Jato nesta terça-feira (21), depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia contra ele e seus dois filhos apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Eles vão responder pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Meurer: de indicado aos 45 do 2.º tempo para salvar Cunha a réu da Lava Jato
Leia a matéria completaSegundo a PGR, ele recebeu R$ 29,7 milhões em 99 repasses de R$ 300 mil mensais. De acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Meurer também obteve de forma ilegal, em 2010, valores para financiar sua campanha à reeleição na Câmara. “Volto a reforçar que todas as doações recebidas foram legais, aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e que eu não tenho envolvimento nenhum com ex-dirigente ou doleiro. Todas as solicitações que fiz para a campanha foram feitas diretamente ao PP. Eu pedi R$ 1 milhão, e eles me passaram R$ 706 mil”, disse Meurer sobre a denúncia.
Sperafico
Colega de partido de Meurer, o deputado paranaense Dilceu Sperafico (PP) também é investigado na Lava Jato. Ele responde a um inquérito no STF desde março do ano passado, quando Janot pediu a investigação de 47 políticos envolvidos no esquema.
Ele é investigado por supostamente ter recebido parte dos valores repassados ao PP no esquema da Petrobras. O deputado, porém, nega que tenha recebido repasses por contratos com a Petrobras e afirma que, se os líderes do partido afirmavam que repassavam parte dos valores a ele, estão enganados.
Gleisi Hoffmann
A senadora Gleisi Hoffmann (PT) responde a dois inquéritos no STF referentes à Operação Lava Jato. Em um deles, ela é investigada junto com o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo (PT), pelo recebimento de R$ 1 milhão do esquema para sua campanha ao Senado em 2010. Dois delatores mencionaram a entrega do dinheiro à senadora: o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
“Todas as provas que constam no inquérito comprovam que não houve solicitação, entrega ou recebimento de nenhum valor por parte da senadora. A denúncia sequer aponta qualquer ato concreto cometido. Baseia-se apenas em especulações que não são compatíveis com o que se espera de uma acusação penal”, afirmam os advogados que defendem Gleisi. A senadora também contesta os depoimentos, alegando que há contradições entre as afirmações de Youssef e Costa.
Requião
O senador Roberto Requião (PMDB) teve o nome citado nos depoimentos em regime de colaboração premiada do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado. Ele aparece nos depoimentos como um dos senadores que teria sido beneficiado por um suposto acordo entre PT e PMDB para a intermediação de doações de campanha da empresa JBS para a bancada peemedebista no Senado.
“As doações foram feitas por repasses do Diretório Nacional e pela campanha de Michel Temer e oferecida a todos os candidatos do partido nas eleições de 2014. Não há irregularidades”, afirmou à Gazeta do Povo Luiz Fernando Delazari, advogado de Requião.
Não há nenhuma investigação oficial no STF para apurar a suposta participação do senador em irregularidades.
Álvaro Dias
O senador Álvaro Dias (PV) é citado nos depoimentos do ex-deputado Pedro Correa (PP-PE). Ele foi acusado pelo ex-parlamentar de ter recebido parte de R$ 10 milhões através do então senador Sérgio Guerra (PSDB), já falecido.
O senador considera a delação uma calúnia e disse que irá processar Pedro Corrêa. A assessoria de imprensa do parlamentar afirma que o senador fez 18 representações ao Ministério Público para investigar supostas irregularidades na Petrobras.
Não há nenhuma investigação oficial no STF para apurar a suposta participação do senador em irregularidades.
André Vargas
O ex-deputado paranaense André Vargas (ex-PT e sem partido) foi o primeiro político paranaense preso e condenado na operação. Depois de perder o mandato de deputado, no final de 2015, Vargas passou a ser investigado em primeira instância pelo juiz federal Sergio Moro. Ele foi condenado a 15 anos de prisão por envolvimento na Lava Jato e está preso no Complexo Médico Penal, em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba.