O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, defendeu nesta quinta-feira um "exercício de inteligência" para desvincular os benefícios da Previdência do salário mínimo, para que o país volte a remunerar melhor os trabalhadores:
- Nós estamos invertendo. Estamos remunerando bem o capital e remunerando mal o trabalho.
A afirmação foi feita durante a solenidade de entrega da Ordem do Mérito da Defesa, no Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília, onde foram condecoradas 227 pessoas, das quais 13 ministros, quatro senadores e nove deputados federais.
Sem opinar sobre um valor ideal, o vice-presidente disse que o salário mínimo "é sempre um problema". Para Alencar, se alguém disser que o salário deve ser de R$ 400, é possível argumentar que um trabalhador que mora na capital de São Paulo com a família não pode viver com esse valor.
- Da mesma forma, um trabalhador da minha cidade, Rosário da Limeira (MG), que ganha um salário mínimo de R$ 300 é uma pessoa privilegiada - comparou.
O vice-presidente lembrou que o Brasil "são muitos Brasis"e que a Previdência é "altamente deficitária".
Sobre o salário dos militares, Alencar reforçou que o governo já discutiu e aprovou um percentual de aumento dentro das possibilidades orçamentárias. Ele lembrou que, dos 23% de reajuste previstos para a categoria, 13% já foram pagos e o restante deve ser acertado na segunda metade do próximo ano.
Alencar também comentou as negociações do Brasil na reunião da Organização Mundial do Comercio (OMC), na China, para acabar com os subsídios agrícolas dados pelos países ricos aos seus produtores.
- O Brasil é um país forte na agricultura. Aqui não se dá nada de subsídios e ela é altamente competitiva - avaliou.
Ele citou exemplos de países que têm políticas protecionistas como a França, "que protege o açúcar de beterraba com 100% de subsídios", e os Estados Unidos, "que deram 65% de subsídios ao algodão".
Para o vice-presidente, o Brasil não tem uma política de subsídios e o algodão brasileiro é de melhor qualidade e tem um custo mais baixo. Segundo ele, no momento em que se fala muito em abertura das fronteiras e em economia globalizada, "é preciso que cada país, principalmente, aqueles que estão no chamado primeiro mundo, comecem dando o exemplo".