Alencar visita comitê de Mercadante, 15 minutos depois de ter alta do hospital

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Logo depois de deixar o Hospital Sírio Libanês hoje por volta do meio-dia, onde foi submetido a uma cirurgia para retirada de um tumor maligno na região do abdômen, o vice-presidente José Alencar disse que a campanha que fará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a reeleição não terá sapato alto. Falando a alguns militantes petistas na inauguração do comitê eleitoral do candidato ao governo de São Paulo, o senador Aloizio Mercadante (PT), Alencar disse que aprendeu com a lição da derrota da seleção brasileira na Copa do Mundo.

— Jamais podemos deixar de aprender um pouco da lição que nos trouxe a nossa seleção nas quartas de final. Nós todos, ao invés de ficarmos tristes, ficamos indignados com o descaso, com o sapato alto. Pois bem, vocês não verão sapato alto na gente, não. Nós vamos para ganhar a eleição no trabalho, na luta, no diálogo, na absoluta probidade no quadro administrativo, com sentimento nacional — disse Alencar, brincando ainda com a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, que estava ao seu lado, a única a poder usar sapato alto, por ser mulher.

Quinze minutos depois de deixar o hospital, onde esteve internado desde a terça-feira, o vice-presidente já estava no comitê de Mercadante. Como não pôde subir ao terceiro andar, onde estava sendo realizado o ato de inauguração, ele foi recebido em uma sala no térreo do prédio, onde prestou depoimento para a TV na internet que o candidato petista está colocando no ar. Em tom informal ele fez uma enérgica defesa do governo Lula.

— Nunca o Brasil esteve tão preparado para crescer como está agora. Este é um quadro que não pode deixar de ser considerado por todos os brasileiros. O Brasil passou por um quadro difícil. Quando nós chegamos o quadro era preocupante. Inflação recrudescendo e ameaçando. Nós nunca tivemos na nossa vida a lembrança de uma inflação tão bem controlada quanto está hoje. Toda essa maior distribuição de renda que se verifica hoje advém dessa valorização da moeda nacional, da estabilidade da moeda. Nossa inflação hoje é comparável às inflações dos países mais desenvolvidos do planeta. Então, o Brasil vai bem. Muito bem. Preparado para alcançar um patamar de crescimento compatível com a potencialidade da economia do país. Iso é tranqüilo que vai acontecer — disse.

Quando deixou o hospital, no entanto, José Alencar criticou, como tem feito desde que assumiu a vice-presidência, os juros altos praticados no país, que considerou um "despropósito".

— Nossa taxa básica real de juros é acima de 10% ao ano. Isso significa que ela é pelo menos seis vezes superior à taxa básica média real de 40 países no mundo. Então ela é muito alta. Ela é um despropósito. Agora, sempre houve uma responsabilidade muito grande e isso o Copom é um órgão eminentemente técnico. Tenho lutado para que se amplie o quadro do Conselho Monetário Nacional — disse, defendo a participação de representantes da agropecuária, da indústria e de outros setores produtivos na discussão sobre a política de juros.

Mostrando muita disposição, apesar da cirurgia, Alencar explicou porque tinha chegado um pouco atrasado ao comitê.

— O médico não me liberou a não ser agora, há 15 minutos, e eu perdi a solenidade principal. 'Ah, mas lá tem três andares de grau.' (imitando alguém) É pouco pra mim, eu subo os três andares porque Deus está me protegendo porque sabe que eu estou no caminho certo. Estou no caminho que consulta o interesse nacional.

No depoimento a TV do candidato na internet e aos militantes presentes, ao lado de Mercadante e Marta Suplicy, lembrou das dificuldades enfrentadas pelo governo quando foram instaladas as CPIs. Para ele, nunca houve no Brasil um grau "tão agudo" de investigação como tem havido no governo Lula, tanto pela Polícia Federal como pelo Ministério Público e pelo Congresso Nacional, "com total liberdade".

— Ele (Lula) nunca interferiu em nada. Tentaram fazer tudo para que pelo menos um arranhão o atingisse. Pois não não há nenhum arranhãozinho.