Alvo de impeachment em 1992, o senador Fernando Collor (PTC-AL) afirmou, em discurso na tribuna, que alertou o governo sobre a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“Alertei sobre a possibilidade de sofrer impeachment, mas não me escutaram. Coloquei-me à disposição, ouvidos de mercador. Desconsideram minhas ponderações. Relegaram minha experiência. A autossuficiência pairava sobre a razão”, afirmou, na sessão desta quarta (11) que vota a abertura do processo de afastamento da petista. Collor foi o 38º senador a discursar.
Foi um raro discurso que silenciou o plenário, em meio a outros que não mereceram a atenção dos senadores durante a sessão. Collor indicou um voto pró-processo de impeachment, mas não o declarou da tribuna.
O senador citou a expressão “ruínas de um governo” de Rui Barbosa para exemplificar as crises políticas do país, incluindo a atual. “Jamais o Brasil passou como hoje por uma confluência tão clara, tão entrelaçada e aguda de crises na política, na economia, na moralidade. Chegamos às ruínas de um governo, às ruínas de um país”, disse.
“É nesta quadra, de adversidades para uns e tragédias para outros, que constatamos que o maior crime de responsabilidade está na irresponsabilidade pelo desleixo com a política”, destacou o senador.
“Mas não foi por falta de aviso. Desde o início deste governo, fui ao longo dos anos a diversos interlocutores da presidente para mostrar os problemas que eu antevia, que desembocaram nesta crise sem precedentes”, frisou.
Senadores lembram de ‘circo’ na Câmara e abordam tema central do impeachment
Leia a matéria completaE continuou: “Nos raros encontros com a presidente, externei minhas preocupações, especialmente após a sua reeleição, quando sugeri a ela uma reconciliação de seu novo governo com seus eleitores e com a classe política”, afirmou.
“Sugeri que fosse a televisão pedir desculpas por tudo que se falou na campanha eleitoral, desmentido depois por seus próprios atos, nos primeiros meses do atual mandato”, disse.
Petistas, pró-impeachment 24 anos atrás, e o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), da tropa de Collor naquele período, também acompanharam a fala do senador.
“A história me reservou esse momento. Devo vivê-lo no estrito cumprimento de um dever”, afirmou Collor, sobre o atual processo de impeachment.
Investigado hoje pela Procuradoria-Geral da República, em razão da Operação Lava Jato, senador relembra a denúncia feita contra ele em 1992. Disse que o rito do impeachment é o mesmo do seu processo, mas o rigor não. O parecer da comissão especial do Senado em relação a Dilma possui 128 páginas – seu, de 24 anos atrás, continha apenas meia página. “Desculpe voltar no tempo, mas o momento exige”, frisou o senador.
Dilma é acusada de editar decretos de créditos suplementares sem aval do Congresso e de usar verba de bancos federais em programas do Tesouro, as chamadas “pedaladas fiscais”. Sua defesa entende que não há elementos para o afastamento.
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